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O Sindicato dos Metroviários decidiu, em assembléia realizada na noite desta sexta-feira (3), encerrar a greve iniciada na quinta-feira (2) e retornar ainda nesta noite ao trabalho. A estimativa do presidente do sindicato da categoria, Flávio Godoi, é que o serviço seja retomado gradativamente e volte ao normal em cerca de duas horas.

A decisão foi tomada após decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, que julgou a greve abusiva e determinou a volta imediata ao trabalho. Em caso de descumprimento, eles poderiam perder o emprego e ter o ponto cortado.

"Diante desta decisão, somada à intransigência do Metrô e governo do Estado em negociar com o Sindicato, mais os transtornos causados à população, a assembléia realizada no início desta noite deliberou pelo fim da greve iniciada na primeira hora de 2/8. Contudo, a categoria metroviária vai continuar mobilizada, em unidade e organizada para garantir seu direito pela Participação nos Resultados", disse o Sindicato dos Metroviários, em nota.

Enquanto a circulação das composições não volta ao normal, os paulistanos sofrem com o trânsito: às 19h, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), havia 180 km de lentidão em toda a capital. A maior lentidão era registrada na Zona Sul: 70 km, ou 39% do total registrado em toda a cidade.

Abusiva

O TRT considerou a greve abusiva por não ter sido respeitada a determinação de se manter 85% da frota do Metrô nos horários de maior movimento (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e de 60% nos demais.

A Justiça do Trabalho decidiu ainda que os grevistas terão os dias não trabalhados descontados e será aplicada uma multa de R$ 200 mil ao Sindicato dos Metroviários - R$ 100 mil para cada dia de paralisação. O dinheiro deverá ser revertido ao Hospital São Paulo, Hospital das Clínicas e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Outra multa processual foi estipulada pelo TRT ao Sindicato dos Metroviários, que é o pagamento do valor de 5% (de uma folha de pagamento e meia do Metrô).

Representantes do Metrô afirmaram no tribunal que se os trabalhadores não cumprissem a determinação cumpririam a decisão da Justiça relativa à demissão.

Nesta sexta-feira (3), segundo dia de paralisação dos metroviários, a Linha 3-Vermelha, que transporta todos os dias cerca de um milhão de passageiros, está parada. O mesmo acontece com a Linha 5-Lilás, que transporta 60 mil pessoas diariamente.

Circulam apenas 60% da frota em toda a extensão da Linha 1-Azul e no trecho entre as estações Ana Rosa e Clínicas da Linha 2-Verde.

Segundo a assessoria de imprensa do Metrô, 2,4 milhões de pessoas foram prejudicados pela greve na quinta-feira (2). O normal é que haja 3 milhões de entradas nas 4 linhas da companhia e, ontem, aconteceram apenas 600 mil entradas.

Novos empregados

O governo do estado de São Paulo pretende contratar cem funcionários para que o Metrô possa operar em dias de greve, de acordo com o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luís Portella.

Segundo Portella, a intenção é que 40 dos novos contratados formem um "banco de reserva" e sejam acionados em casos de emergência. Os outros 60 serão registrados como "supervisores" - o que não os caracteriza como metroviários, mas como ocupantes de cargos de confiança, explica o secretário. Sendo assim, eles não são sindicalizados como metroviários.

A previsão do secretário é que o concurso e a contratação dos novos empregados ocorra em quatro meses. "Com cem novos funcionários, eu opero a Linha Leste-Oeste (Linha 1-Vermelha) em dias de greve", afirmou Portella, em entrevista ao Bom Dia São Paulo.

O secretário disse também que o plano do governo a longo prazo é possuir sistema "driverless", que permitem o funcionamento dos trens sem operador.

Impasse

O secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, José Luís Portella, afirmou nesta sexta que só aceitaria negociar a principal reivindicação dos metroviários se eles restabelecessem 85% dos serviços, conforme decisão da Justiça do Trabalho.

Portella e o presidente do Sindicato do Metroviários, Flávio Godoy, tiveram uma discussão ao vivo na edição desta manhã do Bom Dia Brasil.

Os empregados exigem negociar a questão da proporcionalidade na concessão do Plano de Participação nos Lucros e Resultado (PLR). Godoy quer que todas as categorias de metroviários recebam o mesmo índice da proporcionalidade do PLR, sem levar em conta o índice de produtividade.

"Nós fizemos nesta madrugada (de sexta) três propostas para a Companhia do Metrô e para a Secretaria de Transportes Metropolitanos. Nenhuma foi aceita, porque continua o impasse na discussão do pagamento da distribuição da participação proporcional aos salários. Somos contra a proporcionalidade", afirmou o sindicalista.

Portella afirma que a proporcionalidade é oferecida dependendo da produtividade de cada setor, mas diz que só aceita discutir se a determinação judicial for cumprida. "Aceito negociar proporcionalidade desde que eles cumpram o que a juíza determinou e restabeleçam 85% da frota na Linha 1 (Azul), na Linha 2 (Verde), na Linha 3 (Vermelha) e na Linha 5 (Lilás). Eles cumprindo a determinação judicial, passando a respeitar a lei, eu aceito negociar a proporcionalidade."

Godoy disse que não é possível cumprir a exigência do secretário ainda nesta sexta (3). "Hoje eu não tenho e não posso me comprometer a colocar 85% porque eu não tenho numero de funcionário suficiente pra colocar. O meu compromisso é de antecipar a assembléia."

Tudo lotado

Pela segunda manhã consecutiva, os paulistanos enfrentaram estações de trens e estresse para conseguir transporte em ônibus e vans lotados e táxis ocupados, especialmente nos horários de rush.

Vários órgãos que operam no sistema de transportes da capital montaram esquemas especiais para tentar garantir o vai-e-vem das pessoas, principalmente na véspera do fim de semana.

Normalmente, a sexta-feira já tem tráfego pesado em São Paulo e trânsito lento por todos os cantos da cidade, com ou sem greve no Metrô. A Radial Leste, que registrou o pior ponto de congestionamento da cidade na manhã de quinta (2), vive nesta sexta (3) a mesma situação desde o início do dia.

Rodízio

Como ocorreu na quinta-feira (2), o rodízio municipal de veículos foi suspenso nesta sexta. Os carros com placas com finais 9 e 0 puderam circular de manhã - entre 7h e 10h - e estarão liberados novamente das 17h às 20h.

Trens da CPTM

Por segurança, a Estação Corinthians-Itaquera permanece fechada enquanto durar a greve. A razão se dá pelo fato de os trens do Expresso Leste, que atendem a estação, já chegarem com um grande número de passageiros provenientes de Guaianazes e Tatuapé, não absorvendo o fluxo oriundo do Metrô. Por ser uma estação terminal da Linha 3 Vermelha (Metrô), o complexo tem um movimento diário de mais de 80 mil pessoas. As opções para os usuários são as estações Dom Bosco ou Tatuapé da CPTM, também naquela região. Também prossegue o reforço no contingente de segurança em todas as estações da CPTM, especialmente na Luz, Guaianazes, José Bonifácio, Dom Bosco, Tatuapé, Brás, Calmon Viana, Barra Funda e Santo Amaro. Enquanto durar a greve, o Serviço de Atendimento ao Usuário (telefone 0800 055 0121) funcionará das 5h às 20h. O serviço da Ponte Orca, que opera os trechos Barra Funda – Vila Madalena e Cidade Universitária – Vila Madalena continua interrompido até o fim da paralisação metroviária.

Tumulto na Luz

O tumulto ocorrido na Estação da Luz no fim da tarde de quinta (2) foi apenas um dos reflexos da greve dos funcionários do Metrô. Além do empurra-empurra para entrar na estação, o dia foi marcado por trânsito complicado, ônibus lotados e longas filas nos trens. Essas cenas podem voltar a se repetir nesta sexta.

A CPTM estima que o movimento tenha aumentado em 10% em suas estações por causa da greve, ou 160 mil passageiros a mais.

Medidas

A São Paulo Transportes (SPTrans) informou nesta sexta-feira (3) que colocou, desde as 16h, 30 ônibus, sendo dez deles articulados, que partirão da Estação da Luz, no Centro de São Paulo, até a região de Guaianazes, na Zona Leste. O esquema será mantido até as 21h. A tarifa vai custar R$ 2,30. No trajeto não haverá paradas.

Trata-se da linha 4999/10 - Estação da Luz-CPTM Guaianazes (via Radial Leste), até a Zona Leste, para atender o aumento da demanda de passageiros por conta da paralisação no Metrô.

O ponto inicial da linha será na Estação da Luz (Cásper Líbero esquina com Mauá) até Guaianazes, via Radial Leste. Os 30 ônibus têm capacidade para atender cerca de 4 mil passageiros.

Além dessa medida, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) colocou 160 metros de grades de ferro para auxiliar na entrada dos usuários que embarcarão na Estação da Luz no horário de maior movimento nesta sexta-feira.

Os chamados direcionadores de fluxo permitirão que duas filas sejam formadas na calçada em frente à estação (Praça da Luz). Ali, duas portas estarão abertas para receber os passageiros e uma terceira poderá ser liberada, dependendo da necessidade.

A Polícia Militar enviou um contingente de 300 policiais para auxiliar na segurança e organização das filas. A CPTM colocou duas ambulâncias de prontidão no local para eventuais casos de emergência.

A integração entre CPTM e Metrô, na Estação da Luz, estará funcionando.

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