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Serys Slhessarenko: orçamento prevê um reajuste do mínimo em R$ 30 | Antonio Cruz/ABr
Serys Slhessarenko: orçamento prevê um reajuste do mínimo em R$ 30| Foto: Antonio Cruz/ABr

Sindicatos

Central ameaça com emendas de R$ 40

Folhapress

A Força Sindical criticou ontem a declaração do presidente Lula de que manterá em R$ 540 o valor do salário mínimo, previsto no orçamento para 2011 e aprovado pelo Congresso.

"No final de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece querer que esqueçamos que seus oito anos de governo foram direcionados para o enfrentamento das desigualdades sociais. Os insensíveis tecnocratas, ainda enraizados na área econômica, insistem em dar um pífio aumento para o salário mínimo", diz a entidade, em nota assinada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT).

A central sindical afirma que, se a medida provisória do governo for para um mínimo de R$ 540, ela irá protocolar emendas no Congresso para um reajuste R$ 40 maior. A entidade também quer um aumento de 10% para aposentadorias acima do mínimo.

A Força Sindical ainda afirmou que é importante manter o acordo de 2006 que calcula o reajuste com base na inflação do ano e no crescimento de dois anos anteriores.

"Esta política voltada para os menos favorecidos e de bons reajustes para o piso nacional, vale destacar, teve forte impacto nos índices recordes de aprovação do presidente Lula", afirma a central.

Economistas avaliam como um sinal positivo a indicação de que o salário mínimo poderá ficar em R$ 540 no próximo ano, após a Comissão Mista de Orçamento ter aprovado na semana passada o relatório da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). De acordo com o a proposta da parlamentar, o orçamento prevê a elevação do mínimo em R$ 30, o que na prática não significa aumento real e não trará impacto vigoroso nas contas públicas. "O salário mínimo a R$ 540 é um sinal fundamental de que o próximo governo vai tratar a questão fiscal como uma das suas prioridades", comentou o professor José Márcio Camargo, da PUC-RJ.

A expectativa é de que a decisão final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o salário mínimo ocorra nos próximos dias, com a edição de uma medida provisória. Ontem, em entrevista, o presidente afirmou que vai manter o valor em R$ 540. "O orçamento é autorizativo e é preciso esperar a decisão do presidente", disse Camargo. Segundo ele, se o valor do salário mínimo ficar pouco acima dos R$ 540 será uma "alta marginal".

De acordo com o economista-chefe da LCA, Braulio Bor­­ges, como o mínimo é reajustado pela variação do INPC, um reajuste dos atuais R$ 510 para R$ 545 representaria um aumento real de 0,3%. "Mesmo que o valor suba para R$ 550, isto significará um aumento acima da inflação de 1,1%, que será bem inferior à média de elevação de 6,3% registrada entre 2004 e 2010", comentou Borges. "Uma alta do mínimo bem maior, como R$ 560, seria negativa ao equilíbrio das contas públicas. Isso subiria de forma expressiva as despesas oficiais, como os vencimentos de servidores e o seguro-desemprego", reforçou José Márcio Camargo.

Na avaliação dos especialistas, será essencial para o governo Dilma Rousseff indicar a agentes econômicos que o mínimo subirá pouco em termos reais em 2011 para indicar que o Poder Executivo vai coordenar as políticas fiscal e monetária. Da harmonia entre a gestão das contas públicas e da taxa básica de juros é que os especialistas esperam que a presidente eleita vai se diferenciar de seu antecessor. "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um modelo econômico baseado em duas forças contrárias: a expansão dos gastos públicos compensada pelo freio da alta da taxa Selic pelo Banco Central", comentou o chefe do departamento de pesquisas para mercados emergentes das Américas do Nomura Securities em Nova York, Tony Volpon.

Na avaliação de Borges, o governo Dilma vai se empenhar para obter um ajuste fiscal substancial no próximo ano, para atenuar o aperto monetário que o BC deverá adotar a partir de janeiro. Ele diz acreditar que o governo deverá atingir a meta de um superávit primário equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano a fim de limitar o aumento da Selic em um ponto porcentual em 2011.

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