Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Curitiba

Ministério Público propõe ação contra Derosso por dano ambiental

Irregularidade estaria na canalização de um curso de água em terreno particular para construção de um condomínio de luxo no Xaxim

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) propôs uma ação civil por dano ambiental contra o atual presidente da Câmara Municipal de Curitiba, João Claudio Derosso (PSDB), pela canalização de um curso de água em terreno particular para construção civil. Segundo nota divulgada pelo MP, o córrego Jardim Esmeralda, uma das nascentes do Rio Padilhas, fica dentro de um terreno no bairro Xaxim, de propriedade do vereador e familiares. Nascentes de rios são consideradas Áreas de Preservação Permanente e não podem ser impactadas.

De acordo com a denúncia, o lugar passa por obras para se tornar um loteamento imobiliário, onde será construído um condomínio de luxo. O MP requer, liminarmente, que até o julgamento final da ação "seja determinada a suspensão das obras em andamento e que não seja feita mais nenhuma intervenção no terreno". A intenção é que não seja realizada supressão de vegetação, canalização, construção ou qualquer modalidade de alteração no local e que se impeça a venda de lotes, para evitar prejuízos de terceiros.

Também são requeridos na ação Terezinha Pietruza Derosso, a empresa Estilo Empreendimentos Imobiliários Ltda., e o Instituto das Águas do Paraná, ex-Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA). De acordo com a ação, a notícia da irregularidade ambiental chegou ao Ministério Público em setembro de 2006, com uma representação anônima. Uma investigação constatou-se que o vereador e os demais donos do imóvel realizaram a canalização da nascente do córrego Jardim Esmeralda, para aproveitar melhor o terreno para loteamento e também desmataram o lugar.

O MP também pede a responsabilização do Instituto das Águas do Paraná, pois o órgão público, quando ainda era SUDERHSA, concedeu a Derosso, em 2003, a outorga do córrego por 35 anos - quando na verdade houve a canalização. "Também foi verificada a concessão de várias licenças para a obra por parte de outros órgãos públicos, como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Sanepar, sem que fosse feito um estudo de impacto ambiental no imóvel", diz em nota.

Na ação, a Promotoria explica que a documentação apresentada pelos empreendedores aparente legalidade no loteamento, mas o fato é que a situação não caracteriza uma outorga para utilização das águas do córrego Esmeralda, mas sim canalização. "Além disso, diante da existência de nascentes no imóvel há fundo de vale e aterro em área de preservação permanente".

Segundo o MP, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) de Curitiba declarou, por ofício, que apesar das atividades desenvolvidas na área não estarem de acordo com a política da SMMA, "não há como este Departamento, ou outro desta PMC, não acatar uma outra legislação federal (outorga) que determina o contrário". O MP destaca ainda, que o vereador foi autor de proposta de lei, em tramitação na Câmara Municipal de Curitiba, que busca proibir que os donos de terrenos com nascentes construam edificações sobre elas ou destruam a vegetação do entorno.

Com isso, o MP cobra os donos do terreno na Justiça, solicitando "a proibição de qualquer nova alteração no imóvel, a suspensão do empreendimento, sobretudo da venda dos lotes, para não causar prejuízos aos eventuais compradores, a demolição das construções já feitas, a recuperação das áreas destruídas, com espécies nativas, bem como do curso do córrego Jardim Esmeralda".

Do Instituto Águas do Paraná, "o MP requer o cancelamento das autorizações e licenças concedidas irregularmente". Também é exigida a aplicação de indenização pelos requeridos de dano moral ambiental, em valor a ser definido pela Justiça, em benefício do Fundo Estadual do Meio Ambiente.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, informou que está levantando o caso junto ao Instituto Águas do Paraná e deve emitir um comunicado sobre a situação até esta quinta-feira (18).

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.