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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, confirmou nesta terça-feira que o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) o procurou, no ano passado, para discutir dívida de campanha do PSDB e um suposto apoio ao prefeito Nedson Micheleti (PT). De acordo com o Jornal de Londrina desta quarta, Hauly ficou em terceiro lugar na primeira etapa da eleição municipal e Nedson foi para o segundo turno contra o ex-prefeito Antonio Belinati (PP). O tucano acabou não apoiando nenhum dos dois candidatos no segundo turno.

"O deputado Hauly me ligou dizendo que queria falar comigo. Eu estava ali no Centro, no Calçadão. Fomos ao Hotel Crystal. Sentamos lá para conversar e ele me explicou que tinha um problema para resolver da campanha, uma dívida que seria de aproximadamente R$ 500 mil, e que ele queria resolver antes de resolver a questão do apoio. Ele queria que a gente ajudasse a resolver o problema", afirmou Bernardo, que esteve ontem em Londrina para o velório da primeira-dama Regina Fonseca Micheleti.

O ministro disse que foi ao encontro acompanhado do vereador Gláudio Renato de Lima (PT), mas que Hauly preferiu que ambos conversassem em particular. Bernardo afirmou ter respondido ao deputado que não poderia ajudá-lo financeiramente. "Não via como resolver, até porque nós também tínhamos dívida, nós tínhamos contas para pagar, tínhamos que arrumar dinheiro para fazer o segundo turno."

Na versão do ministro, o deputado tucano ainda teria ligado para ele em Curitiba pedindo R$ 250 mil antecipados para declarar apoio a Nedson no segundo turno. Hauly acabou optando pela neutralidade na disputa e o PSDB liberou seus filiados para apoiarem ou não o petista.

No último sábado, o deputado federal José Janene (PP), que coordenou a campanha de Belinati, afirmou em entrevista à TV Tarobá (Band) que Hauly o procurou oferecendo apoio ao ex-prefeito em troca de ajuda financeira para saldar dívidas de campanha. Disse ainda que o próprio PT, segundo teria relatado Hauly, também negociara apoio – no valor de R$ 500 mil. A versão foi confirmada por Nedson.

Negativa

Procurado ontem pela reportagem, o deputado tucano novamente negou que tenha pedido ajuda financeira em troca de apoio político. Mas confirmou o encontro com Bernardo em um hotel no Centro da Cidade – embora o convite, na versão do tucano, tenha partido do então deputado federal. O encontro teria servido, segundo Hauly, para que Bernardo reforçasse um pedido de apoio a Nedson, que já havia sido apresentado pelo próprio prefeito. Hauly também negou que a campanha tucana houvesse terminado com dívidas.

"Na quinta-feira passada, o André Vargas (presidente estadual do PT), o José Janene e o Paulo Bernardo se reuniram em Brasília e decidiram me atacar. Como devassaram minha vida e não acharam nada contra mim, vieram com esta história", contra-atacou.

O tucano também disse que, apesar de o partido ter liberado os militantes para apoiarem Nedson no segundo turno das eleições do ano passado, ele não teria cogitado dar apoio o petista. "Diferentemente de 2000 (quando Hauly apoiou Nedson no segundo turno), em 2004 fiz toda minha campanha atacando a administração do Nedson, que é precária, muito ruim, abaixo da crítica. Eu alertei o PSDB (no ano passado) que estava se envolvendo no fracasso. E eu estava correto, depois vieram as denúncias de corrupção."

O deputado lembrou das denúncias que pesam sobre o PT nacional e o governo Lula, quanto ao envolvimento do partido com o empresário Marcos Valério, que acarretaram no afastamento do ex-tesoureiro Delúbio Soares, do ex-presidente José Genoíno e na queda do ministro José Dirceu.

Hauly também garantiu que o PSDB não cogitou apoiar Belinati e que, portanto, não faz sentido a acusação de Janene – para quem o tucano também teria pedido dinheiro em troca de apoio político. "Não devo nada desta história. Quem deve prestar conta das falcatruas são eles. Eles deveriam estar todos cassados", concluiu.

Hauly encerrou a entrevista acusando o Jornal de Londrina, a quem chamou de "parcial" na defesa do PT. Segundo ele, a reportagem e a manchete publicadas pelo jornal na edição de domingo foram "armadas" com o serviço de comunicação da Prefeitura.

O Jornal de Londrina lamentou a atitude do deputado e reitera o compromisso de prestar informações pautadas pelo interesse público. A Redação do JL é formada por profissionais comprometidos com a ética e a tese da "armação" é inaceitável e atinge a todos.

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