
O juiz federal Sergio Moro, que conduz o julgamento da Operação LavaJato, afirmou nesta sexta-feira (28) que é necessário “confiar desconfiando” que o combate à corrupção promoverá mudanças definitivas no Brasil. Segundo Moro, que participou de um congresso em São Paulo, a Lava Jato não é a solução final. “O futuro não está escrito. Vamos confiar desconfiando do futuro. Não podemos é nos acomodar”, defendeu.
A convite da Procuradoria da República de São Paulo, o juiz falou sobre os “Aspectos controvertidos do crime de lavagem de dinheiro” no Brasil. Questionado sobre como via o projeto de lei que prevê a anistia de dinheiro não declarado no exterior, em discussão no Congresso, Moro disse que é necessário cautela. “Primeiro é necessário separar o joio do trigo. É necessário, primeiro, a transparência total da origem desse dinheiro.”
Durante o evento, Moro também afirmou que a iniciativa privada é quem tem as melhores condições de liderar um movimento contra a corrupção no país. Na sua avaliação, muito melhor do que o setor público, que está sujeito aos mecanismos e entraves burocráticos. Ao falar dos escândalos que assolam o país, o magistrado disse que não se pode esperar que a Justiça criminal resolva o problema da corrupção no Brasil, e destacou que é preciso não se acomodar, seja como poder público, privado ou como cidadão.
O juiz que conduz a Lava Jato não deu entrevista coletiva, mas respondeu a algumas perguntas que foram enviadas por escrito após o final de sua palestra. Ao falar do bilionário e ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi, que a despeito de todas as evidências de corrupção ficou por três mandatos no poder, antes de renunciar em 2011, Sergio Moro disse não crer que as conquistas já obtidas no Brasil se percam e propiciem que “um aventureiro” assuma o comando do país.



