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O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, intimou a Petrobras a apresentar todos os documentos, incluindo atas de reuniões e pareceres técnicos, relativos à contratação da empresa coreana Samsung Heavy Industries para fornecer navios sondas em julho de 2006 e fevereiro de 2007 para suas subsidiárias Petrobrás International Braspetro BV e Petrobrás Oil and Gas B.V. Deu prazo de 10 dias para resposta.

A contratação dos navios sonda embasa a denúncia contra Nestor Cerveró e Fernando Falcão Soares, apontado como lobista do PMDB. Em seu depoimento de delação premiada, o consultor Júlio Gerin Camargo afirmou que pagou propina de UD$ 40 milhões para fechar os dois negócios para Cerveró, com a intermediação de Soares. Camargo apresentou valores e indicou contas onde o dinheiro foi depositado. Os dois navios sondas custaram US$ 1,202 bilhão à Petrobras. Camargo fez 35 transações tendo como beneficiárias contas indicadas por Soares.

Camargo afirmou que parre do dinheiro foi enviado ao exterior e que depositou US$ 3,07 milhões em três remessas, feitas em 2010 por suas empresas Piemonte e Treviso, numa conta do banco Merril Lynch em Nova York. Para que o dinheiro pudesse entrar de volta no Brasil e chegar aos destinatários, o depósito foi usado como garantia de um empréstimo para a offshore Devonshire, controlada pelo doleiro Alberto Youssef. O doleiro internalizou USD 3.135.875,20, a título de investimento direto no Brasil, na integralização de cotas da empresa GFD Investimentos, outra de suas controladas. Os valores teriam sido repassados no Brasil a Soares. De acordo com o juiz, todos os documentos relativos às transações, inclusive as feitas dentro do Brasil, foram apresentados por Camargo.

Em seu depoimento, Soares disse que foi contratado para atuar com Camargo nos dois negócios e que recebeu US$ 10 milhões por cada um deles. No Brasil, recebeu R$ 3 milhões. Em seu despacho, Moro afirma que Júlio Camargo era o representante das empresas envolvidas nos negócios - Samsung e Mitsui - e que falta a Soares "função melhor definida no negócio", justificando o recebimento. Nas notas fiscais emitidas pelas duas empresas usadas por Soares para receber o valor pago no Brasil, a Hawk Eyes Administração de Bens Ltda. e Technis Planejamento e Gestão em Negócios, de acordo com a Justiça, são vagas e falam apenas em serviços de consultoria.

Moro argumenta que Soares poderia ter apresentado documentação sobre os trabalhos que realizou e que a falta dela fortalece a acusação. Cerveró, Camargo e Soares indicaram testemunhas residentes no exterior. O juiz pediu aos advogados que justifiquem a necessidade da oitiva, esclarecendo o que elas sabem e o que poderiam esclarecer dos fatos. "..em princípio, é inviável ouvir testemunhas no exterior quando há acusados presos, uma vez que não é possível fazê-lo em prazo razoável."

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