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Morte pegou amigos e familiares de surpresa, porque, embora hospitalizado, Roque passava bem, segundo a Prefeitura | Oswaldo Eustáquio/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Morte pegou amigos e familiares de surpresa, porque, embora hospitalizado, Roque passava bem, segundo a Prefeitura| Foto: Oswaldo Eustáquio/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Morreu na manhã desta segunda-feira (1º) o prefeito de Paranaguá, Mário Roque (PMDB), que estava internado no Hospital Vita, em Curitiba, havia duas semanas, após sofrer um enfarte. Ele tinha 71 anos e teve falência múltipla de órgãos após um procedimento cirúrgico. O corpo está sendo velado nesta segunda no ginásio de esportes Albertina Salmon, na cidade litorânea. O enterro, programado para as 10 horas desta terça-feira (2), será no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, localizado no centro de Paranaguá.

Segundo o boletim médico divulgado pelo Hospital Vita Batel nesta manhã, o prefeito Mário Roque apresentou piora geral no seu quadro clínico, com falência múltipla de órgãos, o que culminou no óbito. Na semana passada, ele apresentou boa recuperação, mas teve de ser submetido novamente a uma cirurgia, para correção da caixa torácica, já que houve fratura do osso esterno (no peito).

De acordo com o médico Luiz Fernando Kubrusly, cardiologista responsável pela cirurgia do prefeito, a partir do segundo procedimento, a evolução não foi favorável. "No final de semana, o rim começou a falhar, o pulmão também, e o quadro não podia ser pior. Ele acabou, infelizmente, falecendo".

Velório e luto

O corpo do prefeito chegou ao ginásio de esportes Albertina Salmon por volta das 15h30 desta segunda-feira. De acordo com a Guarda Municipal de Paranaguá, cerca de cinco mil pessoas aguardavam do lado de fora do ginásio para participar do velório. A expectativa é de que 30 mil moradores da região prestem homenagem ao prefeito até as 10 horas desta terça-feira (2).

Moradora de Paranaguá, a artesã Elizabeth Martins Santos, de 63 anos, foi ao velório de Roque nesta segunda-feira. Ela disse que conhecia o prefeito desde a infância e que a morte dele é muito triste. "Ele piorou de repente, não é fácil para a família. Para mim ele foi um bom prefeito", comentou Elizabeth.

Mário Roque teve 13 filhos e foi casado oficialmente três vezes. Um de seus filhos, o atual presidente da Câmara de Paranaguá, Marquinhos Roque, lamentou a perda do pai. "Na política ele foi o que ele realmente é, uma pessoa guerreira. Ele não nasceu num berço de ouro e levou isso para a política, fez o que o povo necessitava".

Outro filho do prefeito, Mário Cezar Elias Roque, conhecido como Maruca, disse que o caminho de honradez e respeito que o pai ensinou vai permanecer na família. "Mário Roque tinha um coração grande, falar dele é difícil porque o histórico dele é de muita luta", explicou. Maruca afirmou que os netos também sentem a morte de Roque, já que tinham um carinho todo especial pelo avô.

O prefeito de Matinhos, Eduardo Dalmora; o prefeito de Guaratuba, Evani Justus; o prefeito de Morretes, Helder Teófilo dos Santos; e o consul do Japão Yoshio Uchiyama, estiveram presentes durante o velório nesta segunda-feira. O governador do estado, Beto Richa, de acordo com sua assessoria, deve comparecer ao velório somente nesta terça-feira.

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Valdir Rossoni (PSDB), manifestou em nota nesta segunda-feira um profundo pesar pelo falecimento do prefeito de Paranaguá. "No período em que esteve na Assembleia o deputado Mário Roque foi um grande defensor das causas do litoral e isso explica ter sido eleito três vezes como prefeito de Paranaguá", lamentou Rossoni.

De acordo com informações da Prefeitura de Paranaguá, todos os órgãos públicos permanecerão fechados nesta segunda, por luto. Apenas os postos de saúde devem permanecer abertos. Foi decretado luto oficial de três dias no município.

Novo rumo político de Paranaguá

O vice-prefeito Edison de Oliveira Kersten (PMDB), que assumiu a prefeitura no último dia 24, permanece agora no lugar de Roque. A cidade, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), não contará com vice-prefeito, já que não existe o cargo de suplente a vice. Quando Kersten precisar se ausentar, o presidente da Câmara de Vereadores deve assumir o cargo de prefeito interinamente.

No último dia 24, o vice-prefeito Kersten tomou posse como chefe do Executivo do município. Na ocasião ele disse que seriam mantidas as ações da maneira como vinham sendo conduzidas por Roque. Segundo Kersten, a orientação seria para "continuidade e coesão de pensamentos".

Edison Kersten também marcou presença no velório de Mário Roque. Ele afirmou que a prefeitura deve tratar sobre o novo rumo político da cidade a partir da próxima quinta-feira (4). "Sou consciente da tremenda responsabilidade que é ser prefeito da cidade de Paranaguá. Vamos conseguir manter aqueles ideais propostos pelo Roque durante as eleições, que é a melhoria da saúde do nosso município", disse.

Trajetória

A história de Mário Roque em Paranaguá começou no fim da década de 1950, quando ele chegou do seu país de origem, Angola, com o sonho de ser jogador de futebol. Ele trabalhou alguns anos como vigia portuário e logo se destacou como líder, assumindo a presidência do Sindicato dos Vigias Portuários de Paranaguá.

Em 1992, Roque já era um dos maiores sindicalistas da cidade e, com o apoio dessa classe de trabalhadores, foi eleito vereador em Paranaguá. Em seu primeiro ano de mandato conquistou a presidência do Legislativo, cargo ocupado hoje pelo filho Marquinhos Roque. Em 1996 foi eleito prefeito, sendo reeleito em 2000 e novamente eleito para o Executivo do município em 2012. Ele também foi presidente do Rio Branco, time de futebol da cidade.

No dia 9 de junho de 2009, o político assumiu como deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR), no lugar de Fernando Ribas Carli Filho (PSB). Este último tinha renunciado ao cargo depois de se envolver no acidente de trânsito que deixou dois jovens mortos em Curitiba, no qual Filho estaria dirigindo a uma velocidade pelo menos três vezes maior que o permitido. Roque permaneceu na vaga de Ribas Carli até 2011, após ter a vaga questionada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) por infidelidade partidária.

Nascido em 1942, Roque deixa companheira, filhos e netos.

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