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Ícone da esquerda católica, Plínio mantinha boas relações com políticos de partidos antagônicos | Elza Fuiza/ABr
Ícone da esquerda católica, Plínio mantinha boas relações com políticos de partidos antagônicos| Foto: Elza Fuiza/ABr

Morreu nesta terça-feira (8) o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, aos 83 anos. O político tinha câncer nos ossos e estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A morte foi confirmada pela assessoria de imprensa da instituição.

Candidato do PSOL derrotado nas eleições para presidente de 2010, Plínio recebeu 886 mil votos, 0,87% do total.

No dia 26 de julho, Plínio completaria 84 anos de idade. Em 2001, ele teve um câncer no estômago, do qual se recuperou.

"Já cumpri o que eu tinha que cumprir", disse o político em entrevista à Folha de S.Paulo em março. "E seria muito ruim ir para Brasília e deixar a Marietta sozinha aqui em São Paulo", citando a companheira há 60 anos.

Perfil

Ícone da esquerda católica, Plínio mantinha boas relações com políticos de partidos antagônicos, como PT e PSDB, e era um dos poucos remanescentes da política pré-ditadura militar.

Em 1964, quando o golpe derrubou o presidente João Goulart, era deputado pelo antigo PDC (Partido Democrata Cristão) e relator da Comissão Especial de Reforma Agrária.

Teve os direitos políticos cassados pelo AI-1 (Ato Institucional) e foi obrigado a se exilar no Chile. Depois fez mestrado em Cornell, nos EUA. Voltou ao Brasil em 1976.

Em 1981, Plínio se filiou ao PT, do qual passou a ser um dos mais importantes formuladores. Voltou à Câmara em 1985, como suplente de Eduardo Suplicy, e se reelegeu no ano seguinte para a Assembleia Constituinte.

Participou da coordenação da primeira campanha de Lula à Presidência, em 1989. No ano seguinte, disputou o governo de São Paulo pelo PT e ficou em quarto lugar.Plínio deixou o PT em 2005, desiludido com o escândalo do mensalão. Ajudou a fundar o PSOL e disputou o governo de São Paulo no ano seguinte.

Em 2010, aos 80 anos, lançou-se em uma espécie de anticandidatura à Presidência pelo PSOL.

Com tiradas bem-humoradas, virou atração dos debates presidenciais, mas não conseguiu se aproximar de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) nas pesquisas.

Com a saúde debilitada, ele acompanhou de longe a desistência de Randolfe Rodrigues e a escolha de Luciana Genro como nova candidata do PSOL ao Planalto.

Livro

De acordo com Francisco, o mais velho dentre os seis filhos, Plínio pediu para que o filho trouxesse um livro que está terminando de traduzir.

"O livro fala sobre a história da humanidade do ponto de vista do povo. Ele queria muito terminar essa tradução, mas por conta das dores não conseguiu achar posição na cama para escrever", disse Francisco. Em 2001, Plínio teve um câncer no estômago, do qual se recuperou, mas perdeu muitos quilos e desde então estava pesando por volta de 51 kg.

"Já cumpri o que eu tinha que cumprir", disse o político em entrevista em março à coluna da Mônica Bergamo. "E seria muito ruim ir para Brasília e deixar a Marietta sozinha aqui em São Paulo", citando a companheira há 60 anos.

Advogado, Plínio chegou a ser presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), diretor do "Correio da Cidadania" e consultor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).

Defensor do trabalho do STF (Supremo Tribunal Federal), disse que o julgamento do mensalão foi "íntegro", mas que ficou "triste" ao ver ex-companheiros presos, como José Dirceu ("ele roubou mesmo") e José Genoino ("vivia com dificuldade, pegou para o partido").

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