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Atualizado em 25/09/2006 às 19h

O procurador da República Gustavo Pessanha Velloso, que nesta segunda-feira denunciou mais 13 pessoas à 10ª Vara Federal de Brasília por suspeita de envolvimento com a máfia dos vampiros, disse que o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, que disputa o governo de Pernambuco, tinha envolvimento direto com o esquema criminoso.

- Ele participava do esquema, tinha conhecimento dele e dava respaldo aos servidores - disse.

O procurador disse ainda que Humberto Costa não pode se vangloriar de ter pedido a investigação do esquema porque só teria feito isso quando não tinha mais como evitar.

- É a tese mais fraca. Há elementos nos autos dizendo que ele fez isso relutando, pressionado, porque não tinha mais escolha - disse Pessanha.

De acordo com o procurador, nem Humberto Costa nem o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também denunciado pelo procurador, foram grampeados, mas seus nomes foram mencionados em conversas de outros integrantes do esquema cujas ligações foram interceptadas pela PF. Ainda segundo ele, os grupos de Delúbio e de Humberto Costa disputavam poder no esquema.

Segundo o procurador, a máfia enviou pelo menos dois carregamentos em dinheiro vivo para os participantes do esquema. O primeiro de R$ 350 mil e outro de R$ 723 mil, que foi interceptado pela Polícia Federal. O procurador disse ainda que é muito difícil rastrear os pagamentos de propina porque eram feitos em dinheiro vivo.

- A função dele (Delúbio) era receber o dinheiro dos lobistas - disse.

O procurador disse ainda que a organização criminosa existe desde 1998, portanto, no governo passado. Ele observou, porém, que as investigações com grampo só começaram em 2003, possivelmente por isso há mais pessoas ligadas ao governo Lula denunciadas.

Humberto Costa é acusado de formação de quadrilha (artigo 288 do Código Penal) e corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal). Delúbio responderá por formação de quadrilha e corrupção ativa (artigo 333 do Código Penal). No relatório final do inquérito, o delegado Marcelo Moselli acusa Costa e Delúbio de corrupção e formação de quadrilha, entre outros crimes. No início do mês, o ex-ministro se defendeu das acusações alegando que as denúncias têm cunho eleitoral.

Nesta segunda-feira, o procurador da República no Distrito Federal apresentou denúncia contra 13 pessoas suspeitas de envolvimento com a máfia dos vampiros. Ele já havia denunciado outras 20 pessoas envolvidas. Além do ex-ministro da Saúde Humberto Costa e do ex-tesoureiro do PT, também foram denunciados os lobistas Marco Jorge Chaim e Jaisler Jabour de Alvarenga, o servidor do Ministério da Saúde João Batista Landim, o empresário Marcelo Pupkin Pitta e o ex-secretário de Logística do Ministério da Saúde Luiz Cláudio Gomes da Silva.

A máfia dos vampiros era uma organização que superfaturava e fraudava licitações no ramo de hemoderivados distribuídos à rede pública pelo Ministério da Saúde. A organização é acusada de desviar R$ 2 bilhões do ministério entre 1992 e 2003. As investigações da PF sobre a máfia dos vampiros começaram em setembro de 2003. No início de maio de 2004, 14 empresários, lobistas e servidores públicos foram presos. Entre os detidos estava Luiz Cláudio Gomes, um dos principais auxiliares de Costa. Segundo a polícia, parte do dinheiro desviado era usado para pagar propinas e abastecer caixa dois de campanhas eleitorais.

No relatório, a PF sustenta que grupos de servidores e lobistas ligados a Humberto Costa disputavam com aliados de Delúbio Soares influência sobre as licitações fraudadas no ministério. Quando o caso foi tornado público, Delúbio Soares reconheceu que conhecia um dos lobistas presos, Laerte Pedrosa, mas negou qualquer vínculo com as fraudes.

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