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O Ministério Público (MP) Estadual está investigando a suposta existência de "caixa dois" no valor de R$ 6,5 milhões na campanha à reeleição do prefeito Nedson Micheleti (PT), no ano passado, a partir de denúncias feitas por Soraia Garcia, ex-funcionária do Partido dos Trabalhadores.

O dinheiro, segundo ela, viria a Londrina em sacolas trazidas pelo atual diretor da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Augusto Dias Júnior. Ela acusa dirigentes nacionais do partido de viabilizar os recursos ilegais.

A denúncia gerou quatro mandados de busca e apreensão, deferidos pela juíza eleitoral Oneide Negrão e cumpridos ontem à tarde pelo MP e pela Polícia Federal. Um dos mandatos era na residência de Augusto Júnior; outros dois na antiga e na atual residência do presidente local do PT e secretário municipal de Gestão Pública, Jacks Dias. O quarto mandado foi cumprido na casa do diretor de Marketing da Sercomtel, Francisco Moreno, tesoureiro do PT e da campanha. Nada foi apreendido nessas buscas.

Soraia Garcia alega ter trabalhado no setor financeiro da campanha. Segundo depoimento prestado na noite de terça-feira ao promotor da 41.ª Zona Eleitoral, Sérgio Siqueira, o suposto caixa dois do PT londrinense seria de R$ 6,5 milhões, enquanto a prestação oficial de contas foi de cerca de R$ 1,2 milhão. Ela própria diz ter guardados recibos e comprovantes de gastos de cerca de R$ 4 milhões do caixa dois.

Ainda de acordo com a denunciante, os documentos teriam sido tomados dela no final da campanha. Ao MP, ela entregou alguns documentos e uma agenda com anotações de supostos pagamentos. As anotações foram feitas com a caligrafia dela.

Entre as supostas doações não declaradas, Soraia cita cerca de R$ 1 milhão de uma rede de supermercados do estado. No caso da doação feita "por fora" pela rede de supermercados, a denunciante disse não ter presenciado pessoalmente, mas que ouviu a informação por outras pessoas.

Soraia foi acompanhada ao MP por Nílton Micheleti, irmão do prefeito. O depoimento durou duas horas e meia e foi gravado pelo MP. Nílton também depôs, na Promotoria de Investigações Criminais (PIC), mas não fez referências ao irmão prefeito. Diz apenas que Soraia trabalhou na campanha e defendeu a ex-assessora do PT.

De acordo com o promotor Sérgio Siqueira, em seu depoimento Soraia afirma que parte do dinheiro do caixa dois viria em malas pequenas e em sacolas de lojas de artigos para bebês. Esse dinheiro seria transportado por funcionários do PT. Siqueira declarou que, apesar da riqueza de detalhes, a autora das denúncias não apresentou documentos.

O promotor deve se reunir hoje pela manhã com o diretor da Delegacia da Polícia Federal em Londrina, Sandro Viana. Ele acredita que as informações prestadas por Soraia podem ser checadas.

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