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MP diz que Derosso é responsável porque assinou a contratação dos funcionários fantasmas | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
MP diz que Derosso é responsável porque assinou a contratação dos funcionários fantasmas| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Outro lado

Vereador não falou sobre a acusação

O vereador João Cláudio Derosso (PSDB) foi procurado pela reportagem, mas não respondeu às ligações. O ex-vereador Edhen Abib não foi encontrado para comentar o assunto. João Leal de Matos está foragido da Justiça – há mandado de prisão expedido contra ele em razão das irregularidades encontradas no caso Diários Secretos.

Acusações

O Ministério Público ajuizou ação de improbidade administrativa contra três pessoas e pediu o bloqueio de bens para garantir a restituição dos valores recebidos ilegalmente. Veja o que cada um responde:

João Cláudio Derosso

Acusado por ter assinado a contratação de cinco funcionários fantasmas. A partir de janeiro de 2005, ele indicou, requereu e nomeou os funcionários fantasmas João Leal de Matos e Wilson Schabatura.

O MP pediu o bloqueio de R$ 1,6 milhão dos bens e a devolução de R$ 545 mil (dinheiro teria sidorecebido ilegalmente pelos dois servidores).

Edhen Abib

Acusado de ato de improbidade porque sabia que João Leal de Matos tinha cargo na Assembleia e mesmo assim indicou a contratação dele para Câmara. O MP não entrou com ação pela contratação de fantasmas porque o ato de improbidade prescreveu em 2009.

O MP pediu a restituição de R$ 2,1 milhões – referentes aos salários dos fantasmas – e o bloqueio de R$ 6,5 milhões dos bens dele.

João Leal de Matos

Acusado porque tinha cargo na Assembleia e mesmo assim aceitou o cargo na Câmara de Curitiba – onde atestou que não ocupava outro cargo público. O MP requereu o bloqueio de R$ 2,7 milhões em bens dele e a devolução de R$ 903 mil pelos salários indevidos que recebeu.

Os fantasmas

Investigação do Ministério Público concluiu que desde 1997 cinco funcionários fantasmas acumularam cargos na Câmara de Curitiba e na Assembleia Legislativa. A Câmara pagou indevidamente mais de R$ 3,6 milhões (valor corrigido) em salários. Veja quem são e quanto ganharam os fantasmas de forma irregular:

João Leal de Matos

Acumulou por dez anos cargos na Assembleia e na Câmara – de 1997 a 2007. Recebeu indevidamente R$ 903 mil.

Wilson Schabatura

De 1997 a 2000 acumulou dois cargos e recebeu R$ 388 mil.

Iara Rosane da Silva Matos

Em 2000 acumulou cargo nas duas casas legislativas e recebeu R$ 116 mil .

Suzane Schriepietcz Rodrigues Pires

Em 2000 acumulou cargo nas duas casas legislativas. Recebeu R$ 581 mil.

João Maria Vosilk

Em 2000 acumulou cargo nas duas casas legislativas. Também recebeu indevidamente R$ 581 mil.

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O Ministério Público do Paraná ajuizou ontem mais uma ação de improbidade administrativa contra o vereador João Cláudio Derosso (PSDB), ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba. O tucano, que já responde por suposto direcionamento de uma licitação para a empresa da mulher (veja matéria abaixo), agora está sendo responsabilizado pela contratação de cinco funcionários fantasmas na Câmara. O MP requereu judicialmente o bloqueio de bens no valor de quase R$ 11 milhões – dos quais R$ 1,6 milhão em bens de Derosso – para garantir a devolução de R$ 3,6 milhões aos cofres do Legislativo municipal e eventual pagamento de multa.

O caso começou a ser investigado pelo MP depois que a Gazeta do Povo e a RPC TV publicaram em 2010 a série Diários Secretos, mostrando a existência de um esquema de desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa. Durante a investigação, os promotores descobriram que funcionários fantasmas da Casa acumulavam cargos comissionados na Câmara de Curitiba, onde também recebiam sem trabalhar.

Em um dos casos, o acúmulo de cargo nas duas casas legislativas chegou a dez anos –de 1997 a 2007. A situação é vedada pela Constituição Federal e Estadual e pela Lei Orgânica de Curitiba. As exceções são para médicos e professores. O MP suspeita de que o elo entre as duas casas legislativas pode ter sido o ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel, o Bibinho, que está preso no Centro de Triagem II (leia ao lado) Inicialmente, os cinco servidores fantasmas da Câmara estavam lotados no gabinete do ex-verea­­dor Edhen Abib – irmão de Bibinho.

Após a saída de Edhen do Legislativo municipal, em 2004, um dos fantasmas foi lotado no gabinete da presidência da Câmara, ocupada por Derosso na época. Edhen Abib também é acusado nesta ação por improbidade administrativa. O MP requereu o bloqueio de R$ 6,5 milhões dos bens dele.

O outro acusado é João Leal de Matos, único entre os funcionários fantasmas que, segundo o MP, sabia do acúmulo dos cargos. Os outros servidores fantasmas são Iara Rosane da Silva Matos, mulher de Matos, Wilson Schabatura, Suzane Schriepietcz Rodrigues Pires e João Maria Volsik. O MP não os acionou judicialmente porque entende que elespodem ter sido usados no esquema para desviar recursos públicos.

As ilicitudes envolvem Derosso porque, como presidente, ele assinou a contratação desses servidores fantasmas. Segundo o MP, a situação do tucano é agravada pelo fato de o próprio ter solicitado a contratação do funcionário fantasma João Leal de Matos para trabalhar na Câmara – atendendo ao pedido do ex-vereador Edhen Abib. "Conscientemente, João Cláudio Derosso utilizou de cargo em comissão no âmbito da Câmara Municipal de Curitiba unicamente para indicar apadrinhado político de ex-vereador. Os cargos comissionados não podem ser utilizados como moeda de troca no jogo político ou como mero cabide de emprego", relatam os promotores.

Se for condenado, Derosso pode perder os direitos políticos e o mandato de vereador, além de ter de pagar multa.

Licitações também foram questionadas

Esta é a segunda ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público do Paraná contra o vereador João Cláudio Derosso (PSDB), ex-presidente da Câmara de Curitiba. Em novembro de 2011, os promotores entraram com ação de improbidade sustentando que o tucano direcionou uma licitação de publicidade da Casa, em 2006, para a contratação da empresa Oficina da Notícia, que é de propriedade da jornalista Cláudia Queiroz – mulher de Derosso. Diante do desgaste, dos indícios de irregularidade e do pedido do MP de afastamento, Derosso se licenciou da presidência por 90 dias no ano passado. Em fevereiro deste ano ele acabou por pedir a renúncia da presidência.

Além do afastamento, os promotores pediram na ação o bloqueio de bens de Derosso e a devolução de R$ 5,9 milhões aos cofres da Câmara – valor que foi administrado pela Oficina da Notícia. A ação tramita na 1.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

Além de Derosso, o MP entrou com ação de improbidade contra Cláudia Queiroz, contra a Oficina da Notícia e três funcionários da Câmara que participaram do processo de licitação sob suspeita.

As investigações tiveram início após a Gazeta do Povo revelar uma série de inconsistências na licitação de publicidade da Casa – entre elas a participação de Cláudia Queiroz em todo o processo licitatório enquanto era funcionária comissionada da Câmara, o que caracteriza crime de fraude em licitação. Auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) mostrou ainda suspeitas de vícios de direcionamento na licitação.

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