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Os sem-terra prosseguem nesta quarta-feira a jornada de protestos do "Abril Vermelho". E o movimento ameça radicalizar ainda mais. Ao participar da divulgação do relatório sobre violação de direitos humanos na América Latina, João Paulo Rodrigues, um dos principais coordenadores do MST, disse que a violência no campo vai aumentar caso o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não privilegie a reforma agrária.

Na véspera, o movimento realizou uma série de invasões e manifestações em todo o país , para marcar o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária e lembrar os 19 mortos no massacre de Eldorado dos Carajás , em 17 de abril de 1996. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), reconheceu a responsabilidade do Executivo estadual na chacina e assinou decreto para pagamento de pensão mensal e indenizações às famílias dos mortos e aos 36 sobreviventes .

Paraná

No Paraná, os sem-terra ocuparam 25 praças de pedágio. Os manifestantes assumiram os controles das cancelas na terça-feira e liberaram a passagem de carros, sem a cobrança de pedágio. As concessionárias recorreram à Justiça. Nesta quarta-feira (18/4) todas as praças já foram desocupadas.

Em Brasília, os sem-terra deixaram, na madrugada desta quarta-feira, a sede do Incra, que tinha sido ocupada na segunda-feira. De acordo com a polícia, 150 manifestantes ainda estavam acampados do lado de fora do prédio na noite desta terça-feira. A maioria dos sem-terra foi embora de ônibus, em direção à cidade de Unaí, em Minas Gerais. (Veja fotos dos protestos em Brasília)

Sem-terra pedem audiência com o presidente Lula

Em meio à onda de ocupações e bloqueios de estradas, o MST protocolou nesta terça-feira um pedido oficial de audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o processo de reforma agrária. Segundo a coordenadora nacional do MST, Marina dos Santos, há um ano Lula promete receber o movimento, mas até agora não foi marcada a audiência.

Na carta ao presidente - protocolada no Palácio do Planalto, enquanto Lula estava na Venezuela -, foi anexada uma pauta com dez itens, entre eles a aceleração das desapropriações para o assentamento de 140 mil famílias acampadas.

O MST divulgou também um balanço das ações realizadas desde o dia 8 de abril. De acordo com os números do movimento,foram realizadas 33 mobilizações, entre ocupações, marchas, acampamentos e atos. Segundo o levantamento, o MST envolveu em suas ações, sozinho ou com outras entidades, quase 10 mil famílias, em 15 estados.Na Bahia, Jaques Wagner recebe grupo de sem-terra

Na Bahia, os sem-terra fecharam nesta terça-feira um acordo com o governador Jaques Wagner, que chegou a usar um boné do MST. Cerca de cinco mil trabalhadores foram recebidos por Wagner, após uma caminhada de Feira de Santana até Salvador. Entre os 20 itens, estão a construção de três mil casas e a reforma de outras cinco mil, ainda este ano, além da recuperação de mil quilômetros de estradas vicinais e a liberação de R$3 milhões para a compra de sementes.

No Rio, integrantes do MST fecharam duas das principais rodovias que cortam o estado - a Rodovia Via Dutra e a BR-101 - e invadiram duas fazendas em Campos.

No Ceará, os sem-terra ocuparam fazendas em seis municípios. Cerca de 250 trabalhadores bloquearam de manhã a BR-020, que liga a capital cearense ao município de Tauá. Já as ocupações ocorreram nos municípios de Paracuru, Jaguaretama, Icó, Quixeramobim, na região do Baturité e em Antonina do Norte.Em Pernambuco, engenho ocupado e canaviais incendiados

Em Pernambuco, cerca de 400 famílias ligadas ao MST ocuparam o engenho Cachoeiro Dantas, onde destruíram e incendiaram parte dos canaviais que pertencem à usina Vitória. O engenho fica no município de Água Preta, a 130 quilômetros de Recife. O MST também ocupou o engenho União, que tem 500 hectares e fica no município de Glória de Goitá, no Agreste, a 63 quilômetros da capital.

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