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Quase um ano após uma de seus principais líderes na Zona da Mata ter sido executado - depois de ter ser retirada de casa por dois homens encapuzados - o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) ocupou sábado o engenho Manguinhos, que fica na cidade de São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco. O engenho está arrendando à usina Barreiros, localizada em uma região reconhecida como de conflito pelo Incra e na qual vêm ocorrendo assassinatos devido à disputa pela terra, envolvendo inclusive madeireiros que atuam ilegalmente nas matas da região.

No ano passado, o lavrador Josuel Fernandes da Silva foi retirado do interior da casa dos seus pais por dois homens encapuzados, que o arrastaram até uma mata onde o executaram e abandonaram o cadáver. No dia 16 de dezembro, o MST fez o sepultamento do militante com um cortejo pelas ruas da cidade e entrou em conflito com a polícia, que fechou o centro de São José da Coroa Grande para evitar que os sem terra passassem no quarteirão onde fica o fórum da cidade. O quarteirão foi isolado, mas os sem terra furaram o cerco policial, empurrando os pms com o caixão. Houve correria, gritos e até tiros para o alto, mas ninguém ficou ferido. Os responsáveis pelo crime até agora não foram identificados.

Os pais de Josuel são moradores antigos das terras do engenho e como ele, exigiam um pedaço de terra para cultivar lavoura de subsistência. Josuel coordenava um acampamento do MST localizado às margens de uma rodovia estadual. Os sem terra alegavam que estavam "marcando território", para exigir a desapropriação do Manguinhos e que só não entraram no engenho para não ferir a medida provisória que proíbe que o Incra faça vistoria em terras invadidas. Ontem o MST resolveu desafiar a MP e invadiu o engenho com 150 famílias. A coordenação regional do movimento disse que a ocupação foi um protesto porque o Manguinhos não foi vistoriado e também para lembrar o assassinato de Josuel.

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