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A psicanalista Eliane Mantega, mulher do ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o Brasil precisa melhorar a polícia e a economia, como forma de reduzir a pobreza e a violência. O casal Mantega e um grupo de amigos ficaram reféns de 'ladrões de galinha' por quatro horas e meia, na chácara do empresário Victor Sandri, em Ibiúna, dia 20. Segundo ela, não foram maltratados.

Eliane disse ao GLOBO que os bandidos separaram os empregados e afirmaram que não roubariam 'pessoas pobres como eles próprios', mas foram 'supergentis' com os demais. Os assaltantes não reconheceram o ministro, que é mais uma das autoridades vítimas da violência em São Paulo. Para Eliane Mantega, o caso reflete a situação socioeconômica do país:

— Não adianta ficarmos falando do caso, nos expondo. O que é preciso é que o Brasil melhore a polícia, a economia, para diminuir a pobreza e a violência.Sítio do empresário Victor Sandri - Foto de JB Neto, Diário de S.Paulo

Ela afirmou ainda que o ministro não acionou a polícia porque teve que voltar a Brasília para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seis horas após o assalto.

— Guido precisava ir para Brasília porque tinha uma reunião com Lula. Só conseguimos sair da chácara por volta das 6h. Chegamos a São Paulo às 9h, sem dormir, e o vôo dele já saía ao meio-dia. Não foi nada grave, é a imprensa que está fazendo factóides, escrevendo mentiras. Não foi nada grave, foi essa coisa da violência, que é geral.

Segundo Eliane, os ladrões não levaram bens nem dinheiro do casal, mas Sandri foi obrigado a sacar cerca de R$ 20 mil para encerrar o caso.

— Os caras foram supergentis. Só queriam dinheiro. Foram três ladrões de galinha. Pelo jeito, nem sabiam dirigir carros — disse Eliane.

Eliane nega que tenha sido levada para fazer saques. Disse que o filho dela e do ministro, de 6 anos, passou o tempo todo dormindo, perto dela, sem sofrer nenhuma abordagem dos ladrões.

— Não queríamos que nossos filhos ficassem sabendo, que ficassem expostos. Não gostamos desse escândalo na imprensa, isso é muito ruim para nossos filhos. E, na verdade, não aconteceu nada, ficamos todos bem.

Pelos dados do boletim de ocorrência registrado pela própria polícia sobre o caso, um dia depois do assalto, há uma informação de que Eliane foi obrigada a seguir para São Paulo, junto com Sandri e um dos bandidos, para sacar o dinheiro. Ela nega a informação, que foi passada à polícia por um vigia da região onde o ministro também tem uma chácara, em Ibiúna:

— Isso é mentira. É mais um factóide. Não saímos da casa.

Segundo Eliane, estavam na chácara um total de quatro casais (contando ela com o ministro, Sandri e a mulher, Consuelo) e várias crianças, além dos empregados. Ela e o ministro estavam na churrasqueira da chácara, por volta de 23h30m, quando perceberam que a casa tinha sido invadida por ladrões. O empresário seguiu para São Paulo com um dos bandidos, para conseguir o dinheiro exigido por eles. Quando eles voltaram, por volta das 4h, os outros pegaram o dinheiro e fizeram o empresário entrar novamente no carro para deixá-los em um local ermo, em Ibiúna.

— Eram 5 (horas) e pouco quando ele voltou e a história toda terminou. Não ficamos nervosos, porque eles não ficaram nos ameaçando — disse Eliane.

A mulher do ministro disse que não tem intenção de ir à polícia, nem mesmo para reconhecer suspeitos. Anteontem, a polícia prendeu três homens acusados de assaltar chácaras na região:

— Não quero fazer reconhecimento de ninguém. Chega disso, não é?

O ministro, que passou o dia em São Paulo, não quis atender à reportagem. O empresário Sandri, que é amigo do ministro há mais de 20 anos, contou neste sábado que esteve na polícia e não reconheceu os os suspeitos presos, acusados de participação no assalto.

— Ainda estou muito abalado com tudo o que aconteceu. Mas acredito que não são os mesmos ladrões que invadiram a minha propriedade — disse ao 'Diário de S.Paulo'.

A polícia mantém os três suspeitos detidos porque eles também são acusados de participar de outros assaltos.Contrariando a polícia, o empresário disse que registrou um boletim de ocorrência numa delegacia relatando o assalto. Mas não soube precisar em qual DP.

— Estávamos muito assustados. Então, um dia após o incidente, aproveitei para tirar uma soneca. Mas no mesmo dia, registrei um BO. Acho que foi na delegacia da (Rua) Estados Unidos — disse, sem mais detalhes.

A Secretaria da Segurança Pública reafirmou que apenas um TC (termo circunstanciado) foi registrado um dia após o assalto no DP de Ibiúna, mas feito pela própria polícia.

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