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Deputado diz que avião do Papa teve dificuldade de comunicação com o Cindacta de Recife

O deputado Efraim Filho (DEM-PB) vai entregar ao presidente da CPI do Apagão Aéreo, Marcelo Castro (PMDB-PI), um CD que comprovaria uma tentativa de contato, sem sucesso, entre o avião que levava o Papa Bento XVI de volta à Itália e o Cindacta de Recife. Segundo o deputado, um avião da TAM teria ouvido a tentativa de contato e feito a intermediação, na qual o Papa transmitiu uma mensagem de despedida aos brasileiros por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Em depoimento na CPI do Apagão Aéreo, o delegado Renato Sayão, da Polícia Federal, disse que um diálogo entre o comandante do Cindacta de Manaus e os pilotos do Legacy, logo após o acidente que derrubou o Boeing 737-800 da Gol, em setembro do ano passado, indica que o TCAS (equipamento anticolisão) da aeronave da americana ExcelAire estava desligado no momento do choque. Segundo o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), o delegado relatou o diálogo entre o tenente-coronel Carcavalo, comandante do Cindacta de Manaus, e os pilotos do Legacy.

Na conversa pelo rádio, o militar pergunta se o TCAS está funcionando e o piloto do Legacy responde que não. Incrédulo, o tenente-coronel repete a pergunta: "Como assim, sem TCAS?" O piloto então responde, em inglês: "TCAS is off" (desligado). Logo em seguida, há um ruído na gravação e o delegado suspeita, segundo o relator, que seria alguém falando em inglês para que o piloto mudasse sua versão e dissesse que o equipamento estava ligado. Logo depois o piloto diz "TCAS is on". O delegado teria contado ainda que várias perícias foram feitas, mas não foi possível comprovar se há uma terceira voz mandando o piloto mudar a versão.

O delegado admitiu que o controle aéreo brasileiro também foi responsável pela tragédia:

- Pode-se dividir a culpa entre a falha do serviço de controle e a navegação dos pilotos. Tanto os pilotos não seguiram as normas, quanto os controladores não reforçaram a comunicação e nem tomaram as providência necessárias quando perceberam que o Legacy não estava no radar.

Mas para tratar do assunto, acredita Sayão, é necessário um inquérito policial militar:

- Esta é a única maneira de se apurar a conduta dos controladores.

Deputado diz que avião do Papa não conseguiu contato com Cindacta

O delegado é o primeiro a prestar depoimento aos membros da CPI, que na véspera visitaram o Cindacta 1 . Também nesta terça-feira, o deputado Efraim Filho (DEM-PB), suplente na CPI, afirmou que vai entregar ao presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), um CD que comprovaria uma tentativa de contato, sem sucesso, entre o avião que levava o Papa Bento XVI de volta à Itália e o Cindacta de Recife . Segundo o deputado, O Boeing 777 da Alitalia teria tentado falar com o Cindacta durante 28 minutos quando sobrevoava o Nordeste, já deixando o espaço aéreo brasileiro. Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a crise do setor aéreo é resultado da falta de planejamento e que seu governo vem conseguindo contorná-la.

Delegado vê quatro falhas no controle aéreo

Ainda segundo o relator da CPI, o depoimento do delegado da PF permite concluir que existe de fato um problema de comunicação no sistema aéreo brasileiro e que a CPI precisa ter acesso às investigações da Aeronáutica sobre os controladores de vôo que estavam de plantão no dia do acidente.

Segundo o delegado Sayão, mesmo que os pilotos não tenham agido adequadamente, é responsabilidade do controle aéreo corrigir as falhas de condutas. O delegado reiterou, no entanto, que a conduta dos pilotos por si só já permite identificar as causas do acidente. Apesar de não ter investigado a fundo a atuação dos controladores de vôos, o delegado afirma que é possível identificar pelo menos quatro falhas cometidas por esses profissionais na tragédia. Em primeiro lugar, explicou Sayão, não havia uma autorização clara do plano do vôo a ser seguido pelo jato Legacy. Além disso, não havia informação de que o Legacy deveria descer de 37 mil pés para 36 mil pés quando sobrevoasse o espaço aéreo de Brasília.

O terceiro erro, segundo Sayão, ocorreu quando os controladores perderam o sinal do "transponder" e não tomaram nenhuma providência para corrigir a falha. Por fim, quando houve transferência do controle da aeronave americana de Brasília para Manaus foi passada uma informação errada sobre a altitude do Legacy. Os controladores de Brasília disseram o jato estava a 36 mil pés, mas a aeronave estava a 37 mil pés de altitude.

Sayão afirmou, no entanto, que não investigará a atuação dos controladores de vôo, uma vez que esse assunto deverá ser apurado pela Justiça Militar. Por isso, não há nenhuma conclusão relativa a esses profissionais no relatório.

Segundo o delegado, o relatório fez uma análise do plano de vôo, do transponder/TCAS e das falhas de comunicação. Nos três pontos foram detectadas falhas não intencionais dos pilotos americanos, que foram indiciados por homicídio culposo.

Presidente da CPI quer pedir satisfações a presidente da Infraero

O presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), avisou nesta terça-feira que vai pedir satisfações ao presidente da Infraero, brigadeiro Carlos Pereira, que afirmou, em uma entrevista, que não estaria "ligando" para a CPI.

- Minha primeira reação foi minimizar a declaração, mas como fui instado por colegas, foi mandar o ofício ao presidente da Infraero, pedindo que ele explique o que quis dizer - disse Castro.

CPI do Senado já tem integrantes titulares

O senador Romeu Tuma (DEM-SP) leu na tarde desta terça-feira as indicações feitas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, para integrar a CPI que investigará a crise do setor aéreo no Senado. Os integrantes titulares são os seguintes:

Demóstenes Torres (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN), Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), Mário Couto (PSDB-PA), Sérgio Guerra (PSDB-SE), Osmar Dias (PDT-PR), Tião Viana (PT-AC), Sibá Machado (PT-AC), Sérgio Zambiasi (PTB-RS), Renato Casagrande (PSB-ES), Wellington Salgado (PMDB-MG), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

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