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A CPI dos Sanguessugas já encerrou a fase de coleta de provas e se dedica agora à conclusão do relatório, de cerca de 1,3 mil páginas, que será apresentado nesta quinta-feira. Ainda há, no entanto, divergências entre o presidente da comissão, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), e o relator, senador Amir Lando (PMDB-RO) . Enquanto Biscaia propõe que o documento peça a abertura de processos de cassação contra pelo menos 75 dos 90 parlamentares suspeitos, Lando não está convicto das evidências de quebra de decoro em alguns casos. Diante da polêmica, Biscaia afirmou nesta quarta-feira que o relatório deverá citar dois grupos diferentes de parlamentares.

Segundo ele, uma das listas deverá ter 50 nomes de políticos, contra os quais há provas consideradas contundentes e cuja cassação será recomendada ao Conselho de Ética. O outro grupo será formado por 20 parlamentares, contra os quais a CPI não obteve provas contundentes e cujos nomes poderão ser excluídos dos pedidos de cassação.

Já o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), e o sub-relator de Sistematização, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), defenderam que todos os nomes de parlamentares citados sejam enviados ao Conselho de Ética.

Na opinião de Jungmann, a maior preocupação, neste momento, é a possibilidade de falta de quórum para a leitura e a votação do relatório . Caso não haja pedido de vista, o relatório também será votado nesta quinta-feira.

Dúvidas esclarecidas

Segundo Biscaia, as últimas dúvidas foram esclarecidas no depoimento do empresário Luiz Antonio Vedoin, nesta terça-feira. No depoimento, que durou quatro horas, divididas em duas partes, Vedoin detalhou a suposta participação de 13 deputados no esquema de fraudes na compra de ambulâncias por prefeituras. As relações desses parlamentares com a Planam, empresa de Vedoin, não haviam sido totalmente esclarecidas anteriormente.

- Agora não há mais nenhuma dúvida, mas isso não quer dizer que os parlamentares se envolveram efetivamente com as fraudes -declarou Biscaia.

Desconforto

Durante o depoimento, Vedoin manifestou "desconforto" por permanecer em Brasília e pediu proteção da CPI para voltar a Cuiabá (MT), onde reside. O empresário revelou que se sentiu "coagido", na capital federal, por pessoas envolvidas no esquema. Vedoin foi advertido pelo próprio Biscaia de que corre riscos, e por isso retornaria a Cuiabá.

- Ele é um arquivo vivo e conhece detalhes impressionantes sobre todo o esquema criminoso - disse o presidente da comissão.

No mesmo dia, o clima esquentou na CPI. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia e presidente do PSB, Roberto Amaral, entrou com representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos sub-relatores da comissão, por ter acusado o PSB de ter se beneficiado coletivamente das irregularidades que estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Amaral pede a cassação de Gabeira por "ter ofendido a honra do partido e de seus parlamentares com acusações infundadas e sem provas".

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