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“Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai perceber isso. Não é golpe. É um direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade do senador. Ele não tem mais condições.” Cristovam Buarque, senador (PDT-DF) | José Cruz/ABr
“Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai perceber isso. Não é golpe. É um direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade do senador. Ele não tem mais condições.” Cristovam Buarque, senador (PDT-DF)| Foto: José Cruz/ABr

No Maranhão, mais denúncias

Folhapress

São Luis - Documentos do Ministério Público Estadual apontam suposto desvio de dinheiro do governo do Maranhão pela Fundação José Sarney em 2004, quando a entidade recebeu R$ 960 mil do Estado.

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Jornal vai recorrer contra censura

Agência Estado

Os advogados do jornal O Estado de S.Paulo entram hoje com recurso no Tribunal de Justiça do Distrito Federal para tentar cassar a liminar do desembargador Dácio Vieira, que proibiu a publicação de reportagens com informações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal.

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Entenda o caso

Juiz "amigo" ordenou censura

O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proibiu, na última sexta-feira, o jornal O Estado de S. Paulo de publicar qualquer informação que esteja sob segredo de Justiça no inquérito que investiga Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em caráter liminar, o desembargador estipulou multa de R$ 150 mil para cada reportagem do jornal contrária à decisão.

A liminar foi concedida a pedido da defesa de Fernando Sarney. Os advogados alegaram que o vazamento de informações sigilosas das investigações poderia causar "prejuízo incalculável à honra" do cliente.

Pela decisão judicial, o jornal Estado de S. Paulo não pode publicar as conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal – feitas com autorização judicial, durante as investigações da Operação Boi Barrica – que mostram, entre outras coisas, Fernando Sarney discutindo com o pai a contratação do namorado da neta do senador por meio de ato secreto no Senado.

Relação

O desembargador que concedeu a liminar favorável a Fernando Sarney é do convívio social do senador José Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Em junho, DácioVieira esteve na festa de casamento da filga de Agaciel, assim como o presidente do Senado. Além disso, o desembargador trabalhou na gráfica da Casa durante o período em que Agaciel foi diretor deste departamento. É também ex-consultor jurídico do Senado.

Brasília - Na volta do recesso parlamentar a partir de hoje, senadores irão entoar o coro do "fora Sarney", pressionando para que o presidente do Senado deixe o cargo até quarta-feira pela manhã, antes da reunião do Conselho de Ética que analisará 11 ações contra o parlamentar. Caso Sarney resista, entrará em ação um movimento de boicote nas sessões presididas por ele em plenário. Amigo de Sarney, ex-ministro no seu governo e companheiro de Academia Bra­si­leira de Letras (ABL), o senador Marco Maciel (DEM-PE) será um dos integrantes do grupo escalado para convencer o presidente do Senado a abrir mão do cargo. Maciel terá a missão de explicar a Sarney o risco de constrangimento que ele sofrerá em plenário se insistir em permanecer no comando do Senado.

Procurado ontem, Maciel confirmou as conversas com os colegas, mas evitou fazer qualquer previsão. Na avaliação dele, hoje, quando a maioria dos senadores estará presente em Brasília, será decisivo para a crise no Senado. "Conversei com alguns senadores, mas tudo informalmente. Não falei com o presidente Sarney. Nada se materializou ainda. Não tenho nada a declarar, é preciso sentir o clima até terça-feira", afirmou.

Senadores contrários a Sarney articulam um boicote nas sessões em plenário caso ele fique na presidência e, ao mesmo tempo, o Conselho de Ética arquive todas as cinco representações e seis denúncias protocoladas referentes a nepotismo, envolvimento em atos secretos e desvio de recursos da Petrobras pela Fundação José Sarney. "Não terá como fazer votação. O presidente Sarney vai perceber isso", disse Cristovam Buarque (PDT-DF). "Não é golpe. É um direito nosso de não ir às sessões. Um desconhecimento à autoridade do senador. Ele não tem mais condições."

Sarney chegou ontem em Brasília, depois de passar mais de uma semana em São Paulo, onde sua mulher, dona Marly, fez uma cirurgia após uma fratura no ombro. O presidente do Senado pretende comandar hoje a primeira sessão de retorno aos trabalhos, mas deve retornar a São Paulo até amanhã para acompanhar sua mulher, que permanece em repouso na capital paulista.

Membro do PMDB, o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (RJ), manteve o mistério sobre o futuro das representações. "Eu posso monocraticamente arquivá-las, mas não decidi o que vou fazer. Vai depender das circunstâncias", disse.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) é um dos parlamentares que pedem a intermediação de Marco Maciel para negociar a saída de Sarney. "Eu faço um apelo dramático para o presidente Sarney renunciar antes da reunião do Conselho de Ética", afirmou. Simon confirmou a possibilidade de esvaziar o plenário na presença de Sarney na presidência das sessões, ainda mais se o conselho enterrar os pedidos de abertura de processo. "A reação será explosiva e o plenário vai se tornar inabitável", disse.

Colega de partido e ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) reforçou o coro pela saída de Sarney até quarta-feira. "Se o Conselho de Ética arquivar tudo e o senador continuar no cargo, as coisas serão radicalizadas e o Legislativo sofrerá um processo de paralisia, que levará a um confronto em plenário", disse. "A saída seria uma iniciativa razoável para evitar esse quadro."

A esperada trégua na crise durante o recesso parlamentar ficou só na expectativa. A revelação pelo jornal O Estado de São Paulo de diálogos que mostram Sarney e seu filho Fernando negociando a nomeação do namorado da neta do senador para uma vaga no Senado – por meio de ato secreto – só agravou a situação do peemedebista. As conversas foram gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial e fazem parte da Operação Boi Barrica, que investiga Fernando Sarney. Na sexta-feira, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, atendeu a um pedido de Fernando e pôs o Estado sob censura, proibindo o jornal de publicar os diálogos. A iniciativa do clã Sarney de tentar censurar a imprensa só agravou a situação política do senador entre os colegas, que aumentar a pressão para que ele renuncie.

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Interatividade

A decisão que impede publicações de reportagens sobre Fernando Sarney pode ser considerada censura prévia?

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