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"Queria ver o resultado de uma pesquisa que excluísse da renda os benefícios do Bolsa-Família."

Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança, sobre o levantamento da FGV que mostrou 19% dos pobres brasileiros chegando à classe média durante o governo Lula.

O governo federal e seus deputados amigos barraram novamente nesta semana o reajuste de 16,67% a todos os aposentados. Disseram que custaria aos cofres públicos a fábula de R$ 7 bilhões ao ano. Realmente: trata-se de uma montanha de dinheiro. Ou melhor, seria. O fato é que, ao contrário do que dizem os nossos políticos, o sistema de seguridade brasileiro não tem déficit. Em 2005, por exemplo, o povão pagou R$ 19,1 bilhões do que seria necessário para pagar suas aposentadorias, o SUS e outros benefícios. O déficit só existiu porque uma parcela ainda maior foi desviada da seguridade para pagar outras contas do governo.

Sendo assim, dar os R$ 7 bilhões aos aposentados apenas reduziria o superávit da seguridade de R$ 19 para R$ 12 bilhões. Além de melhorar a vida de muita gente, ajudaria a movimentar a economia. Mas não. Os senhores deputados têm outros planos para o dinheiro público. Há, por exemplo, a urgência de aumentar em 90% o salário dos deputados federais. São R$ 6 milhões por mês para isso. Parece pouco, mas não é.

O fato é que o aumento dos deputados causa um efeito cascata. Deputados estaduais ganham 75% de seus confrades federais. Vereadores, também têm seu subsídio "indexado" ao parlamento federal. Aumentar o salário da ponta significa causar custos em todo lugar. São mais R$ 9 milhões para pagar os estaduais. E cerca de R$ 45 milhões extra para os vereadores. Por ano, somando tudo, são R$ 720 milhões. Sem somar 13.º, 14.º, 15.º nem encargos sociais. Isso sim é urgente. Isso sim deverá ser aprovado.

Plenário vazio

O velho ditado afirma que uma imagem vale mais do que mil palavras. A foto de Albari Rosa é um desses casos. Basta explicar que se trata de um flagrante feito durante sessão da Assembléia Legislativa do Paraná nesta semana. Precisa dizer mais?

Esso neles

O Prêmio Esso de Jornalismo, possivelmente o mais cobiçado do gênero no país, anunciou neste ano dois prêmios especiais. Os responsáveis ganharam na categoria "Contribuição ao Jornalismo", por terem dado um pouquinho mais de transparência à política nacional. A Transparência Brasil (www.transparencia.org.br) criou o Excelências, que mostra as emendas de cada deputado, seu patrimônio e sua presença em plenário. Políticos do Brasil (www.politicosdobrasil.com.br) reúne informações sobre a evolução da riqueza de nossos representantes. Veja o que os donos dos projetos têm a dizer sobre o acesso a informações públicas no país.

EntrevistaFernando Rodrigues, autor do projeto Políticos do Brasil

Tem havido mais transparência na política brasileira?

É inegável que tem melhorado. Se nós compararmos com cinco, dez anos atrás, é fácil ver que houve melhoras. Agora, acho que não tem melhorado na proporção necessária. Embora nós não tenhamos uma lei de direito de acesso às informações públicas. Hoje, 64 países no mundo têm essa lei. O Brasil não tem.

Projetos como o seu podem ter tido influência nas eleições?

Não tem um método científico para aferir o efeito exato. Mas eu tenho uma pista. Nos primeiros quarenta dias desde que o site entrou no ar, em um período importante da eleição, ele teve 27,5 milhões de acessos. E eu imagino que algumas pessoas que entraram no site não saíram dali com as mãos abanando.

EntrevistaCláudio W. Abramo, coordenador da Transparência Brasil

Qual é a importância de colocar na internet dados sobre os políticos brasileiros?

Um projeto como o nosso vem preencher uma lacuna que era evidente no Brasil, que é a prestação sistemática de informações sobre políticos. Basta ver o uso que a imprensa fez das informações. Os jornais mostraram que havia esse espaço, que havia uma demanda reprimida.

Qual seria a medida mais urgente para dar mais transparência à política brasileira?

Regulamentar o direito de acesso à informação. Isso é uma necessidade urgente. Também é necessário forçar o estado a produzir a informação. Muita informação falta não porque é escondida mas porque não existe.

A imprensa brasileira tem feito um bom papel na cobertura política?

Eu acho que a imprensa brasileira não mudou muito. A cobertura em geral é ruim.

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