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“(...) a primeira coisa que vamos fazer é reduzir drasticamente os cargos comissionados políticos que estão sendo ocupados por cabos eleitorais. Vamos por todo mundo na rua” | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
“(...) a primeira coisa que vamos fazer é reduzir drasticamente os cargos comissionados políticos que estão sendo ocupados por cabos eleitorais. Vamos por todo mundo na rua”| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Perfil

Data de nascimento: 25 de outubro de 1943, em Campo Grande (MS)

Profissão: radialista e apresentador de televisão

Trajetória política: aos 25 anos foi eleito o vereador mais votado de Londrina. Em 1976 conseguiu seu primeiro de três mandatos como prefeito da cidade. Foi também deputado estadual.

Estado civil: foi casado com Emilia Belinati, vice-governadora nos oito anos de mandato do ex-governador Jaime Lerner.

Ocupação atual: deputado estadual

Eleito prefeito de Londrina pela quarta vez, o deputado estadual Antonio Belinati (PP) comemorou a vitória ontem na Assembléia Legislativa. Depois de participar de uma carreata em Londrina no domingo, logo após o resultado da eleição, Belinati deixou a festa pela metade e embarcou num ônibus para Curitiba. Passou a madrugada na estrada e desembarcou na capital às 6 da manhã. Pouco tempo depois chegava em seu gabinete na Assembléia. No plenário, ouviu discursos de parlamentares de vários partidos destacando a façanha de vencer a eleição depois de ter o mandato cassado há 8 anos (sob acusação de corrupção), de ter sido preso, responder a processos na Justiça e ainda concorrer nesta eleição com risco de impugnação de sua candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contabilizando 11 vitórias nas urnas, Belinati anunciou que sua primeira medida na prefeitura será um corte drástico no número de cargos comissionados, de indicação política. Confiante de que também será vitorioso no TSE -- sessão deve ser realizada ainda nesta semana --, o prefeito eleito disse que não vai barganhar apoio dos vereadores e espera ajuda de todas as forças políticas para colocar em prática um plano emergencial para "salvar" a prefeitura.

A sua candidatura ainda está nas mãos do TSE. O senhor teme não poder assumir o mandato?

Muita gente assistiu à sessão do Tribunal Superior Eleitoral no sábado à tarde e, pela manifestação dos ministros, a questão da impugnação já está decidida. São 7 ministros e 4 discursaram a meu favor, declarando que não tinha outro julgamento porque em casos semelhantes nenhuma impugnação prevaleceu. O pedido de impugnação da minha candidatura ocorreu por uma dívida de R$ 150 mil que o Tribunal de Contas do Estado não aprovou por falha técnica. Era um convênio de 1999 entre a prefeitura e o DER para asfalto. O estranho é um caso de 1999 ainda não estar julgado e entrar na pauta do TSE na véspera da eleição. Só não foi julgado porque o presidente pediu vistas, o que também não é comum.

Essa situação chegou a atrapalhar sua campanha?

Corri o risco de perder a eleição porque exploraram muito que os votos que fossem para mim seriam considerados nulos. Espalharam panfletos pela cidade mentindo que a minha candidatura estava cassada. Defendo que o Congresso modifique a lei e estabeleça que quando houver convenção partidária, o candidato seja obrigado a apresentar todas as certidões sobre sua situação pessoal e partidária. Se houver problemas, o TSE deve impedir a candidatura no ato da convenção de homologação do nome do candidato e não na véspera da eleição.

Qual a primeira medida que o senhor pretende adotar quando assumir?

Quem tem que ter amor ao dinheiro é o prefeito. Para que deixar a máquina inchada e eu perder o sono para ter de arrumar dinheiro para pagamento de pessoal? Isso estoura na cabeça do prefeito, que fica com uma folha gorda e depois tem que tomar calmante. É por isso que a primeira coisa que vamos fazer é reduzir drasticamente os cargos comissionados políticos que estão sendo ocupados por cabos eleitorais. Vamos pôr todo mundo na rua. Não tenho idéia de quantos comissionados existem no Executivo nem o valor total da folha, até porque a prefeitura está usando empresas terceirizadas que não têm controle nem critério sobre a definição de valor do salário.

Dos 19 vereadores eleitos, 16 apoiaram o adversário e só 3 estiveram do seu lado. Como será o relacionamento com a Câmara?

Isso não me preocupa. Vamos ter o maior respeito pelos vereadores, mas adotar uma postura totalmente contrária daquela que o atual prefeito vem praticando ao colocar apadrinhados políticos dos vereadores na prefeitura, ocupando cargos em comissão. Não vamos fazer barganha com ninguém. Quem quiser vir para a base aliada, que venha sem querer nada em troca.

Como o senhor pretende garantir uma base suficiente para aprovar os projetos do Executivo?

Em 13 anos de mandato aprendi que a base é inconstante. De manhã, você tem 19 vereadores, no almoço tem 2 e à tarde, 15. Vou ter um relacionamento de cordialidade e acredito que os vereadores vão entender o momento que atravessa o município. Além disso, não vejo nenhum grande projeto que tenha que ser encaminhado para a Câmara de imediato porque a prefeitura passa por sérios problemas financeiros.

Quais problemas?

Londrina terá que arranjar de imediato R$ 54 milhões para salvar o asfalto dos bairros. A situação da saúde é caótica. Faltam médicos, remédios, enfermeiras e até papel higiênico e copos nos postos de saúde. As filas são enormes e existem casos de mortes por falta de atendimento. Um exame com especialista demora dois anos. Vamos trabalhar em caráter emergencial para socorrer a saúde e construir postos 24 horas em algumas regiões mais populosas. A principal inovação do meu mandato será construir uma creche noturna para as mães que trabalham ou estudam à noite. A segurança é outro problema grave. Vamos criar a guarda municipal e espero que o governador do Paraná e o governo federal nos ajude e não neguem ajuda aos pobres e à população dos bairros que sempre estiveram ao meu lado.

Está previsto algum programa para diminuir a pobreza na cidade?

Londrina era a segunda cidade em população e receita. Agora continua na mesma classificação em termos de habitantes, mas perdeu receita para outros municípios como Araucária, Foz do Iguaçu, São José dos Pinhais e Araucária. A receita atual é de R$ 700 milhões por ano. Só tem um caminho para melhorar a economia da cidade: atrair novos investimentos e novas indústrias. Faz 8 anos que uma indústria não se instala em Londrina.

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