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Entenda o caso

2 de abril – Reportagem da Gazeta do Povo denuncia que pelo menos cinco vereadores teriam familiares nomeados na prefeitura de Curitiba, caracterizando o chamado nepotismo cruzado. A reportagem ainda denuncia que um desses parentes não cumpria expediente. Nesse mesmo dia, a bancada do PT na Câmara Municipal protocola um pedido de informações requerendo informações da prefeitura.

3 de abril – A base aliada da prefeitura na Câmara não aprova o pedido de informações.

4 de abril – Os vereadores petistas entram com requerimento administrativo na prefeitura de Curitiba pedindo esclarecimentos. Até hoje não receberam retorno.

2 de maio – O prefeito Beto Richa (PSDB) declara que o fato de parentes de vereadores trabalharem na prefeitura não significa que exista nepotismo cruzado.

3 de maio – A prefeitura informa que o funcionário fantasma denunciado em 2 de abril foi exonerado, mas não esclarece o motivo da demissão.

Quase nada mudou na prefeitura de Curitiba um mês depois de a Gazeta do Povo ter denunciado que parentes de pelo menos cinco vereadores tinham sido nomeados para cargos comissionados na administração municipal, o que caracteriza nepotismo cruzado. A única medida tomada pela prefeitura foi a exoneração de Francisco Pereira da Silva, cunhado do parlamentar José Roberto Sandoval (PSC). Silva era acusado de não trabalhar na prefeitura e, mesmo assim, receber salário.

A assessoria da prefeitura ontem confirmou que familiares dos vereadores Jair Cézar (PTB), Custódio da Silva (PAN), Mário Celso Cunha (PSDB) e Paulo Frote (PSDB) continuam a trabalhar na administração municipal. No início de abril, os vereadores negaram que as nomeações de seus familiares no Executivo fossem resultado de troca de favores entre Câmara e prefeitura.

A avaliação do prefeito Beto Richa (PSDB) é de que as contratações de parentes de vereadores não caracteriza nepotismo cruzado. "Parente de algum vereador agora está impedido de exercer uma função pública ou ter algum cargo de confiança na minha administração?", questionou o prefeito. "Não existe esse tipo de coisa. Não há nepotismo cruzado", declarou Richa.

A assessoria da prefeitura não soube informar o motivo da exoneração do parente do vereador Sandoval, Francisco Pereira da Silva. Segundo o vereador, porém, a demissão do cunhado ocorreu por causa da reportagem da Gazeta do Povo, publicada em 2 de abril. Na ocasião, Francisco Silva afirmou que nunca havia sido empregado da prefeitura. Ontem, Sandoval, porém, voltou a dizer que o cunhado trabalhava na administração municipal. "Ele não ficava no prédio da prefeitura. Fazia serviço externo, no sistema comunitário do município", disse. A nomeação do cunhado de Sandoval consta no Diário Oficial do município do dia 4 de maio de 2006. Silva foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado.

A reportagem publicada pela Gazeta partiu da denúncia de um ex-funcionário que já trabalhou em cargo de comissão na prefeitura, Benedito Ferreira da Costa, que afirmou haver familiares de parlamentares empregados na prefeitura e que não estariam cumprindo expediente. Costa citou o caso do cunhado do vereador Sandoval que, segundo ele, embora nomeado pela prefeitura, trabalhava em uma loja de materiais de construção durante o dia todo.

No dia 2 de abril, a bancada do PT entrou com um pedido de informações na Câmara Municipal a fim de que a prefeitura esclarecesse os fatos. Mas a Câmara rejeitou o pedido no dia seguinte, em votação no plenário.

O vereador André Passos (PT) explica que, depois da derrubada do pedido de informações, a bancada de oposição encaminhou no dia 4 de abril um requerimento administrativo à prefeitura. Mas, segundo o parlamentar, até agora não houve resposta. Ele lembra que a prefeitura não é obrigada a responder a requerimentos administrativos.

"O mais grave não é nem a contratação de parentes de vereadores. Quanto a isso não há nenhuma ilicitude, ainda que não seja moral. Mas há informações de que algumas pessoas nomeadas não trabalhariam na prefeitura. Isso precisava ser esclarecido."

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