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Presidente da Câmara poderá se tornar vice-presidente da República caso o Senado confirme o impeachment. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Presidente da Câmara poderá se tornar vice-presidente da República caso o Senado confirme o impeachment.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A aprovação do impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados representa o auge do poder do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A permanência do peemedebista no topo da política nacional, contudo, é incerta. Nos bastidores do Congresso, comenta-se desde um “acordão” para mantê-lo no cargo, passando pela renúncia ou até aceleração de sua cassação pelo Conselho de Ética.

No caso de o Senado acatar o afastamento de Dilma e ele manter-se no cargo, Cunha será, na prática, vice-presidente da República. A Constituição (artigo 80) estabelece que a linha sucessória do Palácio do Planalto é formada, respectivamente, pelo vice, seguido pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Senado Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).

Se Temer subir a “escada” e precisar viajar para o exterior, por exemplo, quem assume o país é Cunha. Mesmo como réu no STF, ele não está impedido, como garantiu há duas semanas o ministro Gilmar Mendes.

O impacto desse conflito ético-jurídico foi um dos principais argumentos usados pelos aliados de Dilma e Lula contra o impeachment. Nas manifestações a favor dos petistas, Cunha sempre foi o alvo preferencial – ofuscou Temer e líderes da oposição, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

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O cenário caiu no radar do noticiário internacional e fez o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP) marcar viagem na segunda-feira (18/4) para explicar a congressistas dos Estados Unidos a legalidade do processo de impeachment.

Proximidade

Ao longo dos últimos anos, Cunha se aproximou de Temer. Aliados próximos de ambos atestam que, sem a “rédea curta” do presidente da Câmara na condução pessoal do caso, o impeachment jamais teria avançado. Poucos arriscam dizer que Temer retribuiria o esforço e que ele já estaria tratando da renúncia de Cunha (da presidência da Casa, não do mandato) como a melhor opção.

“Não vamos nos esquecer do Cunha”, diz o vice-presidente do Conselho de Ética da Câmara, Sandro Alex (PSD-PR). O próprio Cunha, no entanto, não se esqueceu do Conselho mesmo durante o calor do impeachment. Na quinta-feira, atuou pela renúncia de Fausto Pinato (PP-SP) do grupo – Pinato já havia se manifestado a favor da cassação. Quem assume a vaga é Tia Eron (PRB-BA), aliada de Cunha que volta a desequilibrar a disputa a favor do peemedebista.

Cunha é acusado por diversos investigados na operação Lava Jato de receber propinas de contratos da Petrobras e por isso virou réu no STF. Na sexta-feira (16), informações de uma planilha que faz parte da delação premiada do executivo da Carioca Engenharia Ricardo Pernambuco Júnior mostraram detalhes de suposta propina de R$ 52 milhões para o deputado.

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