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O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o do então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, foram citados como potenciais canais | /
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o do então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, foram citados como potenciais canais| Foto: /

E-mails apreendidos pela Operação Lava Jato revelam, segundo relatório da Polícia Federal, que a construtora Odebrecht desenvolveu ações para obter contratos com a Petrobras por meio de influência política.

Entre os nomes citados pelos executivos da Odebrecht como potenciais canais dessas estratégias estão o do então ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante (PT-BA, hoje ministro da Casa Civil), e o do então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli (PT-BA).

Segundo a PF, as comunicações ocorreram no momento em que a Odebrecht tentava celebrar contrato com a Sete Brasil para a construção de sondas para a Petrobras. A Odebrecht participou do negócio por meio de um seu estaleiro, em 2011.

Em e-mail, o executivo da Braskem (braço petroquímico da Odebrecht) Roberto Prisco indagou a Rogério Araújo, executivo da empreiteira, sobre a “conveniência de realizar algum contato político para realçar a conveniência de nossa proposta”.

“Se nada acontecer, vamos perder a encomenda que é muito relevante”, escreveu Prisco. Ele pediu que fosse avaliado um contato com “Big Wolf”, que em inglês significa Lobão, provável referência ao então ministro de Minas e Energia e hoje senador Edison Lobão (PMDB-MA).

Em outro e-mail, Prisco comentou que o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, conversaria com alguém em Brasília, “que eu não sei quem é”, que poderia ajudar. De acordo com os e-mails, o chefe do grupo identificou tal pessoa como sendo “Italiano” -a PF não conseguiu concluir quem seria esse personagem.

Marcelo Odebrecht pediu que seus parceiros lhe dissessem se ele poderia ajudar mais no assunto: “E sendo um reforço com Mercadante, Gabrielli ou outro que eu possa ajudar, me acione”.

INFLUÊNCIA

No mesmo dia, Odebrecht escreveu sobre sua disposição em influenciar politicamente pessoas da Petrobras. Citou sua preocupação com uma possível reação contrária do então diretor da estatal, Guilherme Estrella. “Quanto à Petrobras, precisamos saber quem é que decide este assunto, e a estratégia para influenciá-lo. No que tange a influenciar, temos vários caminhos (mais ou menos eficazes), mas precisamos ter cuidado com a reação de [Guilherme] Estrela e equipe a esta pressão, pois uma coisa é influenciar na construção de uma solução desde o início, outra é pressão para reverter uma decisão tomada.”

O presidente da empreiteira voltou a citar o atual ministro da Casa Civil. “Posso também pedir a Mercadante um reforço. Acho que o italiano perdeu eficácia na PB [Petrobras], na verdade acho que todos aqueles que exerciam alguma influência na PB estão com as barbas de molho neste início de governo, ainda mais na área do Estrela”, escreveu, ainda segundo a PF.

De acordo com os investigadores, os e-mails dizem respeito a influências políticas por parte do grupo Odebrecht -principalmente de seu presidente- “no tocante à contratação para construção dos navios sondas”. “As comunicações referem-se a duas etapas da contratação. Uma primeira, quando a Odebrecht participava na licitação da Petrobras para ser contratada para construção e operação das sondas, por fim adjudicadas à Sete Brasil. E uma segunda etapa, quando a Odebrecht tentava negociar junto à Sete Brasil a contratação para que seu estaleiro construísse um determinado número de sondas”, diz o relatório da PF.

‘INSTITUCIONAL’

Em declarações a “O Estado de S. Paulo”, tanto Mercadante quanto Gabrielli negaram irregularidades. Mercadante afirmou que seu trato com a Odebrecht foi “institucional” e não de “interesse particular da empresa”.

Gabrielli disse que as mensagens não levantam qualquer dúvida sobre sua conduta.

A Odebrecht disse que a PF “presta desserviço à sociedade e confunde a opinião pública” e a Sete Brasil afirmou que a atual direção da empresa contratou uma auditoria externa em maio de 2014 para analisar os contratos assinados pelos gestores anteriores, e a conclusão foi que “os contratos estavam dentro dos padrões, não tendo constatado nenhuma irregularidade”.

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