Em documento incluído nos autos da Operação Lava Jato, a empreiteira Odebrecht afirma que pessoas não identificadas estão vasculhando dados de seus diretores. O ofício é direcionado ao juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava Jato.

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“Fazendo-se passar por funcionários de ministros de Estado e do presidente do Banco Central, pessoas não identificadas realizaram ligações telefônicas para mais de dez diretores de empresas do grupo, todas elas com a declarada finalidade de confirmar seus dados pessoais”, escrevem os criminalistas Dora Cavalcanti Cordani e Augusto de Arruda Botelho, constituídos pela Odebrecht, empreiteira alvo da força-tarefa da Lava Jato.

“Além de já estar providenciando o registro dessa estranhíssima ocorrência em Delegacia de Polícia, a peticionária vê-se no dever de levá-la a conhecimento desse MM. Juízo, de modo a - na improvável hipótese de se tratar de iniciativa investigativa realizada no âmbito da “Lava Jato” - desde logo salientar que seus empregados estão à disposição para atender prontamente a eventuais intimações para prestar esclarecimentos”, afirma a defesa.

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A Odebrecht foi citada em pelo menos três delações premiadas feitas ao Ministério Público Federal. O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco afirmaram que houve pagamentos de propinas da empresa para funcionários da empresa petrolífera.

Youssef afirmou que a Construtora Norberto Odebrecht pagou R$ 10 milhões em propina para o ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. O valor teria sido depositado no exterior como parte do pagamento total de R$ 20 milhões pelo “acerto” feito em contrato de obra na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná entre 2005 e 2006.

Em delação premiada, Costa disse que a Odebrecht fez depósitos de propinas “a cada dois ou três meses” em suas contas no exterior entre 2008 e 2013 a título de “política de bom relacionamento” da empresa com ele. Os repasses totalizaram ao menos US$ 31,5 milhões até 2012.

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco afirmou ter recebido US$ 1 milhão em propina da Construtora Norberto Odebrecht - novo foco da Lava Jato no cartel de empreiteiras que atuaria na Petrobrás - e identificou a conta da offshore Pexo Corporation, aberta em 2008 por ele na Suíça, onde o valor teria sido depositado. O delator afirmou aos investigadores da Lava Jato que conseguiu “identificar o recebimento de US$ 1 milhão depositados pela Odebrecht” nesta conta - uma das cerca de 20 que ele apresentou como prova das propinas em suas delações.