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Luiz Fernando Corrêa, da PF, acusou o juiz De Sanctis de ser o responsável por vazar à imprensa as informações que havia partidos sendo investigados pela operação | Marcello Casal Jr./ABr
Luiz Fernando Corrêa, da PF, acusou o juiz De Sanctis de ser o responsável por vazar à imprensa as informações que havia partidos sendo investigados pela operação| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Petrobras nega sobrepreço em obra de refinaria

RIO DE JANEIRO - Folhapress

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem não admitir a hipótese de que tenha havido superfaturamento nas obras iniciais da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, conforme apontou o Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo Gabrielli, o TCU utilizou critérios que não são condizentes com a realidade de uma refinaria em construção para indicar o superfaturamento. "Não podemos considerar que os mesmos critérios de terraplanagem de uma refinaria sejam iguais aos de uma estrada, em qualquer lugar do país."

O TCU apontou que houve um sobrepreço de R$ 53 milhões no valor contratado para os serviços de terraplenagem. A empresa responsável por essa fase da obra é a construtora Camargo Corrêa, principal alvo das investigações da Operação Castelo de Areia. No relatório final, a obra da refinaria é citada como tendo sido superfaturada pela empreiteira. A oposição estuda pedir uma CPI para apurar o caso.

A oposição voltou ontem a acusar a Polícia Federal de agir politicamente em favor do governo federal na Operação Castelo de Areia. A acusação foi feita depois que se tornou pública a informação de que a PF excluiu do relatório final das investigações supostas doações ilegais feitas ao PT, PTB e PV pela construtora Camargo Corrêa.

Um e-mail interceptado pela PF mostra que o executivo Fernando Dias Gomes, da empreiteira, enviou uma lista de "recibos pendentes" de doações a Luiz Henrique Bezerra, suposto intermediário das doações irregulares aos partidos. As três legendas teriam recebido R$ 25 mil. Mas o relatório final da PF aponta suspeitas apenas sobre os oposicionistas DEM, PSDB e PPS e os governistas PMDB, PDT, PSB e PP.

A PF informou que excluiu os três partidos governistas do relatório final porque, em princípio, as transferências foram dentro da lei. Apesar disso, todos os outros partidos alegam que receberam dinheiro doado legalmente pela Camargo Corrêa.

O presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), disse ontem que houve "má-fé ou incompetência" dos responsáveis pelo inquérito. O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, também criticou a exclusão do PT no relatório da PF. "A revelação de que o PT foi omitido no relatório final Operação Castelo de Areia não deixa dúvida sobre o uso político que a Polícia Federal e o juiz Fausto de Sanctis (responsável pelo caso) fizeram de um caso de corrupção", disse Freire.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), classificou de "escandalosa" a operação da PF. "O argumento de que a contribuição recebida pelo PT era lícita não procede. Ela não pode ser mais lícita que a doação recebida por parlamentares do PSDB", afirmou. Na opinião do tucano, a PF omitiu "relações que não estão claras" entre a construtora e o governo federal.

O PSDB decidiu apresentar ao plenário do Senado um requerimento de convocação do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para explicarem aos senadores a Operação Castelo de Areia. "Vamos apresentar o requerimento de convocação para eles explicarem por que colocaram (no relatório da operação) parlamentares que fizeram doações legais como ilegais. Isso é indesculpável", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

O outro lado

O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, rebateu as críticas dos parlamentares de que a operação tenha sido deflagrada para prejudicar a oposição. "Em operação da polícia ninguém interfere. O fato de ser eleitoreira ou não depende das partes contrariadas", disse Múcio.

O diretor-geral da Polícia Federal também negou que a Operação Castelo de Areia tenha beneficiado legendas da base governista nas investigações sobre o suposto repasse irregular de recursos da Camargo Corrêa para partidos políticos.

Ele ainda acusou que o juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal de Justiça, de ser o responsável pelo vazamento de informações sobre doações feitas pela Camargo Corrêa a partidos de oposição – uma vez que tornou público trecho da sua decisão judicial que autorizou a operação.

A assessoria da Justiça Federal informou que De Sanctis está incomunicável desde o domingo nos Estados Unidos. Ele viajou a convite do governo norte-americano, mas o motivo da viagem seria confidencial.

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