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João Vaccari Neto: tesoureiro do PT não é obrigado a comparecer na comissão | Nélson Almeida/AE
João Vaccari Neto: tesoureiro do PT não é obrigado a comparecer na comissão| Foto: Nélson Almeida/AE

Brasília - Novamente a oposição conseguiu escapar do cerco da base aliada e atrair para os holofotes do Congresso Nacional o escândalo que envolve a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Um dia de­­­pois de aprovarem requerimento para que o TCU investigue os recursos aplicados pela cooperativa em fundos de pensão, a Comissão de Di­­­reitos Humanos do Senado aprovou ontem a convocação de quatro personagens considerados centrais para revelar detalhes do esquema: o tesoureiro do PT e ex-presidente da cooperativa João Vaccari Neto, o doleiro Lúcio Funaro, o advogado da Bancoop, Pedro Dallari, e o promotor do Mi­­nistério Público paulista José Carlos Blat.

A ideia da comissão, normalmente negligenciada pela tropa governista, é ouvir cada um deles em dias separados. As datas ainda não foram definidas. Como se trata de convocação em comissão, eles não são obrigados a comparecer.

Em reunião com mais de três horas de duração, os senadores também aprovaram a criação de uma comissão para checar a situação de cooperados lesados pela Bancoop. Alguns deles, inclusive, estiveram no Senado narrando seus dramas para os senadores (veja matéria abaixo). A comissão, ainda sem número definido de parlamentares, deverá ir a São Paulo nos próximos dias vistoriar obras abandonadas e atrasadas da cooperativa. A intenção é que a ida dos senadores à capital paulista ocorra antes do depoimento de Vaccari Neto, Funaro e do advogado Pedro Dallari.

O caso

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada na semana passada mostrou que pode ultrapassar de R$ 100 milhões o total do desvio de recursos da Bancoop, segundo cálculo de Blat, da 1.ª Promotoria Criminal de São Paulo. Blat está convencido de que uma fatia do montante foi destinada a campanhas eleitorais do PT.

O escândalo da Bancoop dominou a reunião da Comissão de Direitos Humanos e avançou pelos corredores do Congresso. O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) chegou a apelidar a Bancoop de "robocoop", numa alusão às suspeitas de desvios que recaem sobre a cooperativa.

Senadores da oposição reforçaram a necessidade de investigar o caso. "Segundo o promotor Blat, o desvio da Bancoop serviu para financiar a campanha do presidente Lula. O que querem (petistas e governistas) é que o ano da eleição absolva criminosos e corruptos. Mas não vamos permitir isso", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Enquanto os senadores ou­­­viam declarações emocionadas de vítimas da Bancoop na comissão de Direitos Humanos, a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), defendia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que os depoimentos e apurações sobre fraudes da cooperativa sejam centralizados na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Con­­sumi­­­dor e Fiscalização e Controle.

Ideli acusou a oposição de tentar paralisar o Senado com o tema, e de trazer para dentro das respectivas comissões "um problema que nada tem a ver com suas finalidades". "Não podemos aceitar o que a oposição pretende, que é paralisar as atividades do Senado, trazer a campanha eleitoral cá para dentro e, para isso, sabotar a atividade legislativa, manietando as comissões temáticas", afirmou. A oposição é minoria nas comissões, inclusive na de Direitos Humanos, mas aproveitou o descuido da base para aprovar as convocações. Os governistas costumam "vigiar" as comissões mais visíveis e importantes, como a de Consti­­­tuição e Justiça.

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