Agripino Maia, senador (RN), líder do DEM no Senado| Foto: Antônio Cruz/ABr
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A última quinta-feira foi de anúncio de novos números negativos da inflação. Dia perfeito, avaliou um líder governista, para a oposição ocupar as tribunas e "nadar de braçada" nas críticas ao governo. Mas, no Senado, nenhum senador ou líder do PSDB ou do DEM apareceu para faturar. Só os governistas ocuparam o espaço da tribuna. A situação descrita é só mais um exemplo de como, num período em que o governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta dificuldades de gestão e na condução da política econômica, a oposição se encolhe e silencia, em vez de partir para o ataque.

Ausentes desde quarta-feira para uma folga de duas semanas, os líderes da oposição fazem um mea culpa da desarticulação, mas prometem unificar a atuação depois do carnaval. "A constatação é: o processo eleitoral do ano passado provocou um distanciamento da oposição. Vamos nos reunir depois do carnaval para retomar uma ação unificada. O governo está errando e surfando sozinho porque nos distanciamos", admitiu o líder do DEM, senador Agripino Maia (RN).

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Recém-empossado na liderança do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) promete botar fogo na oposição daqui para frente para mostrar que o governo Dilma está como "um portal lindo, mas carcomido pelos cupins".

Minoria

O professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Uni-camp) Roberto Romano lembra que, na História recente do país, a oposição quase sempre foi minoria no Congresso, mas considera que nunca foi tão dramática a sensação de sua inexistência como agora. "Em troca de um cargo na Mesa do Senado, eles traíram, em sigilo, a palavra de ordem oposicionista. Essa oposição não diz a que veio, ela não tem uma alternativa de curto, médio e longo prazos para a economia do Brasil. A oposição nunca foi tão insignificante do ponto de vista político e legal como neste momento", afirmou.

Os líderes governistas comemoram a situação. No plenário quase vazio do Senado, na quinta-feira, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), subiu à tribuna para defender o governo. "Hoje seria um prato cheio para a oposição, com esses números da inflação, que é uma preocupação nossa. Mas é a cabeça de cada um, né?", comentou. "A oposição hoje é menor que na gestão de Lula, e isso facilita para o governo. Mas não devemos menosprezar a importância da oposição", completou o senador Romero Jucá (PMDB-RR).