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Brasília (Folhapress) – Integrantes da CPI dos Correios e líderes dos partidos de oposição na Câmara defenderam ontem que o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, seja reconvocado para prestar depoimento à CPI após ter afirmado que todos os 21 membros da Executiva Nacional do PT sabiam da existência do esquema de caixa dois.

Para os oposicionistas, a declaração feita por Silvio em entrevista à Folha de S. Paulo prova que ele mentiu em seu depoimento à CPI, no dia 19 de julho, quando negou saber do caixa dois, e sinaliza que poderia fazer novas revelações. Três dias depois de ter ido à CPI, Silvio se desfiliou do PT.

"Ninguém é hipócrita de achar que não sabia que existia caixa dois. Qual membro da direção do PT não sabia disso?", disse Silvio na entrevista.

Em depoimento à CPI, entretanto, ele havia negado três vezes ter conhecimento do esquema, conforme consta das notas taquigráficas da sessão, em diferentes questionamentos feitos pelos deputados Pompeo de Mattos (PDT-RS), Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) e pelo senador Efraim de Moraes (PFL-PB).

"Ou ele tem de ser ouvido de novo ou temos de solicitar à Polícia Federal que o ouça para que esclareça o alcance desse caixa dois", afirmou o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

"Ele vai ser reconvocado para nominar a canalha, nominar quem sabia", disse a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que integra a CPI e chegou a participar da Executiva do PT antes de ser expulsa do partido, em 2003.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que não havia lido as declarações e que foi informada por terceiros. Apesar de afirmar que "é algo que deve ser levado em conta" pela CPI, ela argumentou que uma reconvocação de Silvio Pereira vai depender da repercussão das declarações na CPI e do espaço na agenda da comissão.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos sub-relatores da comissão, disse que a entrevista ratifica a tese de que alguns depoimentos foram "montados". "Foi uma decisão política do PT de achar que todo mundo é bobo. [A entrevista] Foi a confirmação do óbvio. Uma das marcas mais fortes que ficará quando acabar a CPI será o cinismo", afirmou.

"Tudo bem que ele estava com habeas corpus, mas mentiu e tem que ser reconvocado", disse o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que compõe a CPI dos Correios.

Para o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), o ex-secretário "só cometeu uma falha ao tentar salvar o presidente Lula". "Ele [Silvio] pode ser chamado de novo pela CPI, e o tribunal eleitoral [TSE] deve tomar uma atitude", afirmou. O líder do PSDB na Casa, Alberto Goldman (SP), seguiu a mesma linha. "À exceção do militante, todo mundo sabia, até o presidente", afirmou.

O estopim para a queda de Silvio Pereira e sua saída do PT foi a descoberta de que ele recebeu um carro no valor de R$ 73,5 mil de um empresário que tinha contratos públicos.

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