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Seis dias depois do início da onda de violência em São Paulo, governo e oposição entraram no clima de guerra e passaram a tarde trocando acusações, paralisando a ordem do dia do Senado. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), resolveu rebater da tribuna, num primeiro momento, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atribuiu a atual crise na área de segurança pública à falta de investimentos dos governos passados em educação.

- O presidente é um irresponsável que não se compadece com o sangue derramado em São Paulo. Está querendo ganhar votos em cima de uma tragédia. Isso é um insulto à democracia. Nós havíamos estendido a mão ao governo federal e até fizemos um mea culpa, assumindo a responsabilidade que nos cabe nesse episódio, mas só o Lula não tem culpa de nada - protestou.

Virgílio ficou ainda mais alterado depois de tomar conhecimento de que o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, teria declarado que o ex-governador de São Paulo e candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, teria recusado a ajuda federal, mas teria negociado com o crime organizado para conter as rebeliões nos presídios.

- O que o ministro acaba de declarar é uma leviandade. Enquanto ele não desmentir o que disse, a oposição permanecerá em obstrução - ameaçou.

Imediatamente, outros parlamentares de oposição também reagiram. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), chegou a cobrar a demissão do ministro Tarso Genro:

- Esse ministro é um irresponsável e leviano que só pensa no poder. Se Delúbio Soares usou dinheiro para tentar manter o PT no poder, Tarso Genro agora está usando as mentiras e leviandade para se manter no poder. O presidente Lula deve mandar o ministro se desmentir ou demiti-lo. Caso contrário, devemos cortar o diálogo com esse governo.

O senador Siba Machado (PT-AC) tentou amenizar a tensão estabelecida em plenário, justificando que o ministro Tarso Genro estaria respondendo às declarações de Alckmin que, na véspera, cobrara do governo Lula o descontingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário. O vice-líder do governo senador Romero Jucá (PMDB-RR) tentou desmentir as declarações atribuídas ao ministro e propor a paz.

- O governo não está em busca de culpados. Pelo contrário, está se colocando à disposição para colaborar. O ministro instado a falar sobre o tema e as informações divulgadas estão truncadas - garantiu Jucá.

Pouco adiantou o apelo de paz de Jucá. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), partiu para o ataque logo em seguida:

- Sabemos o que tem no armário dele (Tarso): ladrões. Falta autoridade para o ministro acusar quem quer que seja.

A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), tentou em vão baixar o tom do debate, mas Virgílio lembrou que as declarações de Tarso Genro ocorreu justamente depois de o ministro ter pedido uma trégua a oposição. Ele lembrou ainda que o ministro, em entrevista, também teria afirmado que a eleição de Alckmin traria a ingovernabilidade para o país.

Para Virgílio, a postura de Lula e do ministro seriam uma reação à pesquisa da Datafolha que identifica o presidente da República como um dos principais responsáveis pela crise em São Paulo.

- Por isso, repito: o presidente agiu como um anão político - disse o tucano.

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