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Vera Lúcia Vieira, da Controladoria Geral da União: desafio é mudar a cultura de relacionamento do Estado com a sociedade, que tem direito irrestrito às informações públicas | Marcelo Csal/ ABr
Vera Lúcia Vieira, da Controladoria Geral da União: desafio é mudar a cultura de relacionamento do Estado com a sociedade, que tem direito irrestrito às informações públicas| Foto: Marcelo Csal/ ABr

Entrevista

Dados pertecem à sociedade

Vania Lúcia Ribeiro Vieira, da Controladoria Geral da União

Convencer servidores a ver o Estado como guardião de informações que pertencem à sociedade é o desafio da diretora de Prevenção da Corrupção da Controladoria Geral da União (CGU), Vânia Vieira, que coordena o trabalho de readequação do serviço público à Lei de Acesso à Informação.

Como a rotina da administração pública foi alterada para estar preparada para as novas demandas?

A primeira providência foi a indicação de um ponto de contato em cada pasta. A maioria dos ministérios já constituiu grupos de trabalho para conduzir o cumprimento da lei. Já temos mais de 200 servidores treinados para trabalhar nos SICs (postos de Serviço de Informações ao Cidadão).

Onde será fácil aplicar a lei?

No que tange a transparência ativa, o governo federal já cumpre quase todos os quesitos. O Portal da Transparência divulga em detalhes toda execução orçamentária e financeira federal.

Onde será mais difícil?

É a parte da cultura, princi­­palmente quando a gente trata de um governo com tantos órgãos e entidades espalhados em território tão amplo. A gente vai ter um longo caminho para as pessoas compreenderem que estamos falando agora sobre uma nova lógica de relacionamento entre o Estado e a sociedade. O Estado se ver como o guardião da informação e ver a sociedade como titular dessa informação.

Agência O Globo

A pouco mais de um mês da entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação, os governadores de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro não têm pronta nem mesmo a minuta de um decreto que regulamente a nova legislação nos estados. Por isso, dificilmente todas as exigências serão cumpridas até a data limite definida na lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff em novembro do ano passado.

Dar conta da classificação de documentos sigilosos e criar uma infraestrutura governamental capaz de atender às novas demandas é o principal desafio nos estados, que criaram grupos para estudar a legislação, viabilizar a regulamentação por parte dos governos e coordenar mudanças.

O governo de Minas diz que os canais de comunicação com a população já existentes — como o site, o Ligue Minas 155 e postos de atendimento ao cidadão — serão adequados à novidade. Pela lei, qualquer cidadão poderá solicitar informações de interesse público ao governo, sem explicar o motivo e com prazo para receber uma resposta. No entanto, o governo admite que dificilmente conseguirá viabilizar a classificação dos documentos sigilosos até dia 18 de maio.

O processo de classificação está mais avançado no governo de São Paulo, em função do trabalho prévio que já vinha sendo realizado pelo Arquivo Público do estado desde os anos 80. As secretarias estariam envolvidas com a gestão dos acervos e a identificação de documentos, mas ainda é preciso adequá-los aos novos critérios de classificação.

O grupo formado para cuidar do tema no estado é chefiado pela Casa Civil e conta com a participação de integrantes das secretarias de Planejamento, Fazenda e Gestão Pública. Desde janeiro foram realizadas oito reuniões, mas os membros do grupo ainda não bateram martelo sobre a estrutura a ser criada ou de que forma cidadãos poderão ter acesso às informações.

Já no Rio de Janeiro, a Secretaria estadual da Casa Civil, a Procuradoria Geral do Estado e o Arquivo Público promoveram, em março, um seminário sobre a nova lei e as mudanças previstas pelo texto sancionado.

Municípios

Na cidade de São Paulo, a Secretaria de Planejamento promete aperfeiçoar seu Portal de Transparência, para que mais dados sejam divulgados além das contas públicas e contratos, informou a assessoria. Desde 2009 o governo divulga até mesmo a relação dos servidores públicos e respectivos salários, decisão que gerou dezenas de ações na Justiça contra a prefeitura. O município ainda não finalizou decreto para regulamentar a nova legislação.

À frente da Casa Civil do município do Rio, o secretário Pedro Paulo Carvalho disse, por meio de sua assessoria, que a prefeitura se prepara para colocar em prática a nova lei. De acordo com ele, o Rio já possui instrumentos de transparência e de atendimento à população, como o portal da prefeitura na internet, que dá publicidade às ações do município, incluindo licitações, orçamentos e projetos; o "Diário Oficial" impresso e digital; a central de atendimento à população por telefone (1746), que completou um ano mês passado; o site da Controladoria, e o Portal da Transparência Olímpica.

A prefeitura de Belo Horizonte foi procurada, por meio da assessoria de imprensa, a dizer como estava se preparando para se adequar às diretrizes de transparência da legislação, mas informou que ninguém falaria sobre o tema.

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