• Carregando...
Eduardo Cunha faz duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). | Pedro Ladeira/Folhapress
Eduardo Cunha faz duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).| Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

No recurso apresentado nesta segunda-feira (1º) questionando o rito definido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff , o comando da Câmara acusa o tribunal de ter dado uma “guinada” no julgamento e afirmou ainda que “os fatos e a história não podem ser manipulados e propositadamente direcionados para conclusões errôneas, precipitadas e graves”.

CRISE: Acompanhe as notícias sobre o impeachment

A ação da Mesa Diretora da Câmara, presidida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi protocolada antes mesmo de o STF publicar o chamado acórdão, documento que reúne os votos dos ministros e apresenta o resultado do julgamento. A justificativa é de que a decisão do tribunal sobre o processo de impeachment pode ter interferência nas definições de outras comissões da Câmara.

INFOGRÁFICO: Entenda como funciona o impeachment

Nos bastidores, no entanto, deputados avaliam que a medida faz parte de uma estratégia de Cunha para atrasar a composição das comissões da Casa, o que poderia ter efeito sobre o andamento de seu processo de cassação no Conselho de Ética.

O recurso será analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, que puxou o voto que acabou vencedor no julgamento. A tendência, dizem integrantes do Supremo, é que a ação da Câmara seja rejeitada porque foi apresentada antes do acórdão. Em tese, esse tipo de recurso não tem poder para alterar a decisão tomada pela Corte.

O rito

No julgamento, o STF anulou a comissão pró-afastamento que havia sido formada na Câmara e deu mais poder ao Senado no processo. A maioria dos ministros entendeu que não cabe votação secreta, como havia definido Cunha, para a eleição da Comissão Especial que ficará encarregada de elaborar parecer pela continuidade ou não do pedido de destituição de Dilma na Câmara.

PSOL pretende apresentar mais provas contra Cunha no Conselho de Ética

Leia a matéria completa

Segundo o STF, não há previsão legal para indicações sem o crivo de líderes partidários ou blocos.

O STF também fixou que o Senado não fica obrigado a instaurar o impeachment caso a Câmara autorize (com aval de 342 dos 513 deputados) a abertura do processo. Para os ministros, a Câmara autoriza, admite o processo, mas cabe ao Senado decidir sobre a instauração.

Com isso, a partir da instauração do processo por maioria simples (metade mais um, presentes 41 dos 81 dos senadores) no plenário do Senado, a presidente da República seria afastada do cargo, por até 180 dias, até o julgamento final. A perda do mandato dependeria de aprovação de 54 dos senadores. A palavra final para o afastamento de Dilma ao Senado agrada ao Planalto.

Crítica

Em mais de 50 páginas, Cunha critica o julgamento do Supremo. “Nunca na história do Supremo Tribunal Federal se decidiu por uma intervenção tão profunda no funcionamento interno da Câmara dos Deputados, restringindo, inclusive, o direito dos parlamentares.”

“Os fatos e a história não podem ser manipulados e propositadamente direcionados para conclusões errôneas, precipitadas e graves. Talvez não se tenha notado ainda a relevância dessa decisão não só quanto ao processo de impeachment em si, mas ao futuro institucional da Câmara dos Deputados, e do próprio Poder Legislativo”.

Cunha ainda justificou a decisão de ingressar com a ação antes da divulgação do resultado e apontou que a decisão de entrar com a ação é “defesa da liberdade da Câmara em praticar seus atos internos, sem interferência do Poder Judiciário”.

“É importante registrar que a interposição desde logo dos embargos de declaração se justifica porque a matéria decidida é inédita, relevantíssima do ponto de vista institucional, e acarretou uma guinada na jurisprudência dessa Corte quanto à intervenção em matéria interna corporis de outro Poder da República”.

Na ação, pede para o Supremo rever sua decisão. Cunha sugere que se os líderes da Câmara não chegarem a entendimento para indicação dos integrantes da comissão especial ele possa fazer a nomeação dos componentes.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]