Nesa quinta-feira, o pai de um jovem que serviu ao Exército no Espírito Santo em 1992 disse que seu filho sofreu, na época, agressões e torturas durante um trote que teria sido acobertado pelo tenente-coronel Ernani Lunardi Filho, o mesmo que foi afastado esta semana do 20º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB), em Curitiba, após denúncias de tortura no quartel militar.

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Lunardi atuou no 38º Batalhão de Infantaria (BI), localizado em Vila Velha, em 1992. Na época, ele era capitão e instrutor do Núcleo de Formação de Oficiais da Reserva (NFOR) do 38º BI. Nesta quinta-feira, um ouvintes da Rádio CBN no Espírito Santo deu uma entrevista dizendo que o filho serviu ao Exército capixaba quando Lunardi era instrutor. E relatou que o jovem, na época com 18 anos, sofreu maus tratos semelhantes aos registrados em Curitiba.

Ele afirmou que o filho tomou chutes e pancadas em várias partes do corpo, além de ser obrigado a ficar submerso em um tanque de lama durante uma noite fria. O jovem não seguiu carreira militar.

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O comandante do 38º BI, em Vila Velha, coronel José Otávio Gonçalves, foi procurado para falar sobre as denúncias, mas o 38º BI disse que o comandante não iria se manifestar e que não tem conhecimento das torturas denunciadas. A assessoria de comunicação do Exército, em Brasília, não se pronunciou sobre o assunto.

O trote registrado em Curitiba, denunciado pelo programa "Fantástico", da TV Globo, consistia em choques elétricos, aplicações de ferro de passar na pele, afogamento com baldes d'água e chineladas na planta dos pés. Na quarta-feira, a Justiça Militar começou a ouvir os sargentos que participaram do episódio.

Só depois que o inquérito estiver concluído é que as informações vão ser divulgadas. O inquérito deve ficar pronto em 40 dias. Até o fim da investigação, os 12 militares que participaram dos trotes ficarão afastados das funções. Sete deles são veteranos e cinco são novatos, que foram afastados porque não denunciaram as agressões.

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