• Carregando...

Em uma busca virtual de poucos segundos, o analista de contas Vanderlei da Silva, de 44 anos, conseguiu encurtar uma outra busca, de 22 anos, por um filho perdido. No final de 2006, ele descobriu o perfil de Robson dos Santos no site de relacionamentos Orkut e na Páscoa de 2007 conseguiu finalmente abraçar o menino de novo.

"Foi muito louco. Muito louco mesmo", conta o paulistano Silva. "Até eu fico assim passado com a história. Eu paro e não acredito ainda". Ele não via o filho desde 1984, quando a ex-namorada foi embora com a criança sem deixar endereço nem telefone – e os conhecidos não passavam informações sobre ela. Até em um programa de televisão ele tentou ajuda para encontrar o garoto, sem sucesso.

A descoberta aconteceu por acaso. Silva passeava perto de casa, na Zona Norte da cidade, quando um rapaz o chamou na rua. "Sabe quando você olha a pessoa e você não sabe quem é?" Nervoso por não saber direito quem era o moço, tentou encurtar a conversa. Mas quando viu que o papo era relacionado ao filho, conseguiu pegar algumas informações estratégicas.

"Soube ali que ele ia casar. Pensei: ‘sério? Será que ele vai casar? O moleque já tá grande, vai casar e ele não sabe de mim e nem eu dele’. Mas aí o rapaz falou que o nome da namorada do meu filho era Francila". Ao chegar em casa, Silva conta que ainda relutou, mas decidiu fazer a busca no site. Só duas páginas apareceram. Ele descartou a de uma senhora e clicou na de uma "mocinha morena".

"Aí entrei em pesquisar (amigos) e coloquei o nome dele. Menino do céu. Na hora que eu coloquei Robson dos Santos, que me aparece a foto do moleque, quase que eu tive um troço. Falei pra mim mesmo ‘meu Deus, achei, caramba’. Aí fiquei uns 15 minutos olhando pra aquela foto".

Mensagens

Silva mandou um e-mail para a namorada de Robson e contou a história para uma de suas quatro filhas. A menina se apressou e deixou um recado na página do irmão. O rapaz mostrou o bilhete para a mãe e mostrou a foto da menina com o pai dela. A mãe, Neusa dos Santos, confirmou – o senhor da foto era mesmo o pai de Robson. "Achei que não ia reconhecer, mas ele não mudou muito não. Só mudou a careca. O rosto continua o mesmo ainda", brinca Neusa.

Robson comentou a história com a namorada, que já tinha respondido o e-mail de Silva e passado o telefone de casa. Alguns recados e e-mails depois, Silva tomou coragem mais uma vez. "Um dia ele ligou pra casa da minha namorada. E eu tava lá. Foi uma coisa maluca, diferente. Eu não sei explicar, não", conta o rapaz.

Pai e filho continuaram a se falar – virtualmente e por telefone – e combinaram um encontro para a Páscoa. Silva viajou para a Bahia e passou quatro dias na cidade do filho. O encontro ocorreu na casa de Neusa. "Foi uma coisa assim, sei lá. Você sabe, maluca mesmo", conta Robson, que se achou "muito parecido" com o pai. "Principalmente as entradinhas."

Ele foi criado sabendo que o marido de sua mãe era seu padrasto e confessa que nunca pensou em procurar o pai. "Eu tenho pra mim esse ditado: 'pai é aquele que cria'. Pai não é aquele que faz simplesmente e não dá carinho. Se eu fosse pai, eu ia atrás, não importa o que acontecesse". Por isso o rapaz se diz "surpreso" com a persistência do próprio pai.

Robson espera viajar para São Paulo em janeiro para conhecer os tios, a avó e os irmãos paulistanos - são quatro mulheres e um bebê de três meses. Enquanto a viagem não acontece, o telefone, e-mail - e o Orkut - matam a saudade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]