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O Brasil começou a reivindicar mais participação em órgãos internacionais multilaterais a partir de 1920. Na época, o então presidente Artur Bernardes demandava uma cadeira permanente no Conselho da Liga das Nações. A entidade foi criada após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, e deu lugar à ONU, em 1946.

"Bernardes governou o país em estado de sítio durante quase todo o mandato. Para tirar o foco dos problemas internos, ele encampava essa questão da Liga", diz o professor do Instituto de Relações Inter­nacionais da Universidade de Brasília Virgílio Arraes. A intenção era tornar o país representante permanente de todas as Américas, já que os Estados Unidos decidiram não integrar a organização em 1920.

A Liga teve inicialmente quatro membros permanentes: Inglaterra, França, Itália e Japão. Completavam o grupo mais quatro temporários. O Brasil fez parte da primeira leva, com Bélgica, Grécia e Espanha, até que abandonou o órgão em 1926.

Duas décadas depois, durante as negociações em torno da criação da ONU, os Estados Unidos chegaram a defender a presença do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança. "Há especulações de que Rússia e Reino Unido vetaram a presença do Brasil, mas não há documentação que comprove", diz Arraes.

Depois, as discussões sobre reformas no Conselho foram conduzidas a cada dez anos. O Brasil só voltou a se posicionar com mais firmeza sobre o tema em meados dos anos 1990. "Ainda assim, o tema nunca foi prioridade no governo Fer­­nando Henrique. Tudo mudou com o governo Lula", afirma Carlos Eduardo Lins da Silva, do Grupo de Análise de Conjun­tura Internacional da Univer­­sidade de São Paulo.

Segundo ele, Lula foi in­­fluenciado pela visão pessoal de seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Ele [Amorim] foi embaixador do Brasil junto à ONU e já presidiu o Conselho de Segurança. Aparentemente, foi ele quem convenceu o presidente Lula da importância da questão."

Lins da Silva, no entanto, evita previsões sobre o futuro da discussão no governo Dilma. "A posição correta é se afirmar como um aspirante natural à vaga, de modo que quando houver chance real de mudança, o Brasil esteja pronto para assumi-la."

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