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A Aeronáutica investiga a possibilidade de uma sabotagem ser a causa da pane que atingiu um radar do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo de Manaus (Cindacta-4), na madrugada deste sábado. Uma comissão que investiga o problema constatou que um técnico seria o responsável pela pane. Ele teria verificado uma anormalidade nos geradores do Cindacta e teria transferido baterias de um grupo de geradores de forma errada. O procedimento teria provocado a queda de todo o sistema, e a conduta do técnico está sendo avaliada, segundo a Aeronáutica.

De acordo com oficiais, os sistemas do Cindactas passaram por todos os testes neste ano, e, no momento da pane elétrica, não existia nenhum problema no fornecimento de energia externa nos aeroportos monitorados pelo Cindacta 4.

Atrasos e cancelamentos

A pane de sábado, que impediu a comunicação dos controladores com vôos internacionais sobre a Amazônia, ainda se reflete nos aeroportos. Segundo a Infraero, 41,5% dos vôos neste domingo registram atrasos de mais de uma hora. De um total de 677 vôos previstos até o meio-dia, 281 estavam atrasados. Outros 60 foram cancelados, quase 9% do total.

No Aeroporto Internacional de Cumbica, em São Paulo, dos 112 vôos previstos para este domingo, 43 atrasaram e três foram cancelados até as 10h, segundo a Infraero. É grande a movimentação de passageiros no local. Em Congonhas, também na capital paulista, 45 partidas estavam programadas, mas 18 foram canceladas e oito tiveram atrasos de mais de uma hora. Nos dois aeroportos as condições de vôo são normais.

No Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, passageiros tiveram que enfrentar filas no início da manhã. Até as 11h, 18 partidas e 12 chegadas estavam atrasadas, entre vôos nacionais e internacionais, e sete partidas e nove chegadas foram canceladas. Um forte nevoeiro obrigou o aeroporto a operar por instrumentos. O atraso mais longo aconteceu com um vôo da Aerolineas Argentinas, que partiria para Bariloche às 18h deste sábado. A aeronave teve um pneu furado e precisou ter a peça reposta. No aeroporto Santos Dumont, quatro vôos atrasaram, duas partidas e duas chegadas, e três foram cancelados.

No Sul, O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, registra nove vôos fora do horário. Não há registro de cancelamentos. Em Florianópolis há sete vôos atrasados e um cancelamento.

A situação é a mesma nos aeroportos do Nordeste. Em Recife, há 15 vôos atrasados, quase 60% do total. Salvador registra 18 vôos fora do horário. Em Fortaleza, há atrasos em 19 vôos programados.

No sábado, mais de 55% dos vôos foram afetados em todo o país

Boletim divulgado na noite de sábado pela Infraero dizia que 573 dos 1282 vôos programados entre 0h e 18h30 registraram atraso de mais de uma hora e outros 144 vôos (11,2%) foram cancelados, o que representa um total de 717 vôos - ou 55,9%. A situação havia sido agravada pela neblina em aeroportos do Sul na manhã de sábado.

Os maiores atrasos foram registrados no Aeroporto de Belém com 88,8% dos vôos atrasados e Porto Alegre (84,4%), onde o Aeroporto Salgado Filho foi atingido também por um forte nevoeiro. Segundo informações da Infraero, o Sagaldo Filho foi fechado às 6h39m e só foi reaberto para decolagens às 7h40m. O local voltou a ser fechado às 8h40m e reabriu novamente apenas para decolagens às 10h25m

No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, os atrasos atingem 22,4% dos vôos (38) e houve ainda outros 47 vôos (27,8%) cancelados. Em Garulhos, 37,7% dos vôos atrasaram. No Galeão, no Rio de Janeiro, 61 dos 123 vôos sofreram atrasos e outros 15 foram cancelados. Em Brasília, 46,6% dos vôos saíram fora do horário.

Nota oficial

Segundo nota divulgada no começo da noite pelo Comando da Aeronáutica, o problema no Cindacta 4 foi provocado por um curto-circuito que ocorreu durante um procedimento técnico de manutenção no Grupo de Geradores de Contingência, que integram o sistema de energia elétrica do equipamento. A nota diz ainda que fornecimento de energia comercial foi interrompido às 23h15, quando havia 17 aeronaves em vôo, das quais nove prosseguiram normalmente para seus destinos e oito tiveram modificação de rota. O fornecimento de energia foi restabelecido a 1h32, os sistemas foram reiniciados e o controle pôde ser retomado normalmente a partir das 2h30. A Aeronáutica negou qualquer problema na segurança dos vôos. Clique aqui para ler a íntegra da nota.

Controlador diz que houve risco de colisão de aeronaves

Mas segundo os controladores de vôos, a pane teria interrompido o funcionamento dos radares e deixado aviões sobrevoando a Amazônia às cegas.

Um controlador, que pediu anonimato, disse ao Jornal Hoje, da TV Globo, que a pane teria provocado inclusive um risco de colisão entre duas aeronaves que seguiam para Belém, no Pará. Outro funcionário disse que os controladores de serviço no Cindacta-4, que é responsável pelo controle aéreo no Amazonas, Roraima, Mato Grosso e parte do Pará, entraram em desespero e alguns chegarama chorar.

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, afirmou que a nova pane mostra que os controladores de vôo não estavam errados ao denunciar, inúmeras vezes, as más condições dos equipamentos que têm à disposição.

- Tudo isso mostra que os controladores não mentiam. Nunca dizemos que os equipamentos estavam podres, mas sim tem problemas importantes - disse Botelho.

Com o problema os vôos que vinham dos Estados Unidos para aeroportos brasileiros durante a madrugada tiveram que retornar para o país ou pousar em outros fora do Brasil. Outros vôos que saíam do Brasil para os Estados Unidos também tiveram de retornar aos aeroportos de onde tinham decolado.

Segundo a Infraero, o tráfego aéreo internacional entre Brasil, Estados Unidos e América Central, só deve ter seus horários normalizados ao longo deste sábado.

Pilotos não queriam sobrevoar Amazônia sem contato

Dois vôos da American Airlines de números 962 e 906 que partiram de Guarulhos com destino aos Estados Unidos pousaram no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (Manaus) durante a madrugada. Segundo informações não confirmadas oficialmente, os pilotos solicitaram pouso em Manaus porque não queriam sobrevoar a Amazônia sem contato com o controle aéreo.

O vôo 951 da American Airlines, que saiu de Nova York às 22h30m desta sexta-feira com destino ao Brasil, precisou retornar aos EUA depois de duas horas no ar. O comandante da aeronave informou aos passageiros que o sistema aéreo brasileiro não tinha como receber a aeronave.

Um vôo da United Airlines, que saiu de Washington para São Paulo na sexta-feira, à noite, também teve de retornar aos Estados Unidos e acabou cancelado. A mesma companhia registra ainda a volta de um vôo que saiu de Orlando na manhã deste sábado. Um vôo da Continental que sairia de Nova York na noite de sexta-feira também não pode decolar.

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