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A oposição é favorita na eleição presidencial de 2010 e uma segunda candidatura da base aliada poderia neutralizar essa liderança, na opinião do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), cotado para à sucessão.

Parlamentar e ex-ministro da Integração Nacional do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ele argumenta que um outro nome da coalizão, além da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, teria mais chances de provocar um segundo turno.

Ciro ora diz ser candidato, ora pondera que só a conjuntura pré-eleitoral determinará seu movimento. Mas quando fala em candidatura alternativa, inclui-se nesse provável escopo.

Não só ele como outros aliados explicam que, embora concorrentes num primeiro momento, as duas candidaturas poderiam convergir em torno de um adversário comum, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), hoje com mais de 40% das intenções de voto, segundo pesquisas recentes.

"A oposição tende a um certo favoritismo, o que não quer dizer vitória de véspera", afirmou o deputado.

De acordo com a última pesquisa CNT/Sensus, Serra conta com 45,7% das intenções de voto, ante 16,3% de Dilma. Contra Ciro, que obteve 14,9% da preferência do eleitorado, o tucano aparece com 43,1%.

O levantamento não apurou um cenário em que os três disputem o primeiro turno.

Popularidade

Segundo Ciro Gomes, apesar da popularidade, Lula terá limites na transferência de votos para Dilma. Além disso, ele afirma que a crise econômica global poderá facilitar o discurso de partidos adversários contra a manutenção de um governo do PT, dependendo da eficácia das medidas tomadas para conter seus efeitos.

"Uma alternativa aliada é o principal elemento tático para impedir esse favoritismo. Isso garante o segundo turno e anuncia uma convergência com o candidato do Lula em segundo ou terceiro lugar", completou.

Para ele, o próprio Lula já teria se antecipado a essa análise. Fontes do meio político consideram a hipótese do presidente não maldizer, ao menos no discurso, a ideia de uma outra candidatura amiga. Um auxiliar palaciano, porém, negou qualquer simpatia.

"É uma forma de ajudar a robustecer a defesa do projeto e assegurar dois turnos, se for o caso", comentou o deputado Beto Albuquerque (RS), vice-líder do governo na Câmara e integrante da cúpula do PSB.

"Acho que é fácil para o Palácio do Planalto enxergar que dois candidatos sintonizados com o governo é mais importante do que se ter um só e jogar o tudo ou nada no primeiro turno", acrescentou.

"Governo neutralizante"

A aproximação do PT com o PMDB também pode jogar a favor da tese de uma segunda via na base, pois partidos aliados menores têm ficado insatisfeitos com essa aproximação.

O ciúme dessas legendas da base pode contribuir para um racha interno em 2010.

Integrante do PSDB até 1996, Ciro filiou-se ao PPS e concorreu à Presidência em 1998, sendo o terceiro mais votado, e em 2002 (quarto lugar). Depois, filiou-se ao PSB.

"Não tem essa de governismo neutralizante. Eu defendo o Lula por afinidade, mas não sou 100 por cento dependente do governo, como é o caso da Dilma", disse.

Ciro já se prepara para o eventual debate futuro. Além de viajar pelo país, ele passará três semanas nos Estados Unidos discutindo a crise e seus efeitos com intelectuais e representantes do mercado.

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