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Anexo do Tribunal de Justiça: técnicos afirmam que a previsão de R$ 1 mil por metro quadrado não era compatível com o tipo de acabamento do prédio | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Anexo do Tribunal de Justiça: técnicos afirmam que a previsão de R$ 1 mil por metro quadrado não era compatível com o tipo de acabamento do prédio| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Cronologia

A construção do Anexo do Tribunal de Justiça era investigada desde 2005.

2003 – O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Oto Sponholz, dá início à construção do Anexo. O prédio deveria abrigar desembargadores, já que não havia espaço para todos no Palácio da Justiça.

2005 – A obra é concluída ainda no mandato de Sponholz. O Tribunal de Contas, ao inspecionar as contas do Judiciário paranaense, aponta possíveis irregularidades.

2006 – A Comissão de Obras do TJ conclui relatório sobre o tema apontando possível superfaturamento, entre outros problemas. O Órgão Especial do TJ, porém, decide pedir um segundo relatório.

2008 – Com base no segundo relatório entregue pela UFPR, o Órgão Especial decide pelo arquivamento das denúncias. A partir daí, o TJ decidiu também receber o prédio oficialmente – até então, o tribunal não havia pagado as últimas parcelas para a construtora Cesbe.

2009 – Dois desembargadores que não concordaram com o arquivamento recorrem ao CNJ para que avalie o caso.

2011 – Com base em parecer feito por peritos do CNJ e do TCU, o conselheiro Walter Nunes vota pelo arquivamento das denúncias, e é seguido por todos os conselheiros.

O Conselho Nacional de Justi­­­ça (CNJ) decidiu ontem arquivar o processo que denunciava possíveis irregularidades na construção do Anexo do Palácio da Justiça em Curitiba – uma obra de R$ 48 milhões encerrada em 2005. Os conselheiros seguiram de forma unânime o voto do relator, Walter Nunes, que disse não ter identificado indícios de superfaturamento na obra.

Nunes baseou sua decisão num parecer elaborado por técnicos do próprio CNJ e do Tribunal de Contas da União (TCU), que vieram a Curitiba em fevereiro para analisar o prédio. Segundo o parecer, o edifício, na verdade, teria sido construído com "subpreço" de 17%, ao contrário do que afirmavam relatórios técnicos anteriores.

Segundo o advogado que representou o Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná no caso, Renato Cardoso de Almeida Andrade, a decisão do CNJ de ontem elimina qualquer possibilidade de recurso administrativo sobre o tema. Se alguém quiser contestar a obra a partir de agora, só poderá fazer isso juridicamente. "No entanto, o parecer do TCU é extraordinário, e acredito que resolve qualquer dúvida que pudesse haver sobre o tema", afirma.

O pleno do CNJ afirmou, porém, que pode ter havido erros de fiscalização na obra. O controle foi feito pela empresa Globo, de Salvador (BA). A au­­­sên­­cia de licitação para escolha da empresa já foi considerada irregular pelo CNJ em decisão anterior. Os conselheiros determinaram que o próprio Tri­­bunal de Justiça investigue o caso.

Suspeitas

As primeiras suspeitas sobre irregularidades na obra do Anexo foram levantadas pela 3.ª Inspetoria do Tribunal de Contas (TC) do estado. Ao receber o alerta do TC, a Comissão de Obras do próprio TJ passou a apurar o caso. O relatório final da comissão, redigido por quatro desembargadores, apontou possibilidade de superfaturamento. A obra, prevista inicialmente para custar R$ 28 mi­­­lhões, saiu por R$ 48 milhões.

As conclusões da Comissão de Obras, porém, não foram aceitas pelo Órgão Especial do TJ, que antes de tomar qualquer outra medida decidiu pedir um segundo relatório. O novo parecer foi encomendado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pa­­­raná, que continuou encontrando sobrepreço, mas, nesse caso, de apenas 3%.

Inconformados com a decisão do TJ de arquivar as denúncias, dois desembargadores pa­­­ranaenses, Jorge de Oliveira Var­­­gas e José Maurício Pinto de Al­­meida, pediram que o CNJ avaliasse a situação.

O relatório do TCU foi solicitado pelo conselheiro que relatou o processo, Walter Nunes. Os técnicos afirmam que a previsão de gastos de R$ 1 mil por metro quadrado, usada inicialmente, não era compatível com o tipo de acabamento e com os equipamentos que seriam usados no prédio. Teriam sido deixados de fora custos referentes a fundações especiais, cabeamento estruturado, elevadores, sistema de ar-condicionado central e sistemas de controle e au­­tomação predial.

Por isso, o valor de R$ 28 milhões seria irreal, o que teria gerado toda a disputa. Por valores de mercado, dizem os técnicos, o prédio poderia ter custado até 17% mais caro.

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