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A polêmica em torno da paternidade da geração de empregos no Paraná deve antecipar um dos maiores debates previstos para as eleições deste ano. De um lado, o presidente da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Geraldo Serathiuk, diz que ao menos 90 mil dos 280 mil empregos gerados nos três últimos anos são fruto de políticas do governo federal. De outro, o presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), José Moraes Neto, garante que foram as ações do governo do estado as responsáveis pela criação da maior parte dos postos formais de trabalho desde o início do governo de Roberto Requião (PMDB).

A polêmica começou quando o governo do estado divulgou, no último dia 6, o número de empregos criados no Paraná nos 11 primeiros meses de 2005 e disse que a queda em relação ao mesmo período de 2004 era o reflexo da estagnação econômica do país. "É resultado da política econômica que privilegia quem vive de aplicações no mercado, através das altas taxas de juros, e da sobrevalorização cambial que prejudica as exportações", disse José Moraes Neto.

De acordo com o Ministério do Trabalho, de janeiro a novembro de 2004 foram criados 153.965 empregos, contra 94.205 no mesmo período de 2005. Moraes atribuiu a queda à política econômica adotada pelo governo federal, com geração de superávit e taxa de juros elevadas e também a ocorrências sobre as quais o governo do Paraná não teria controle, como a seca e o impasse em torno da febre aftosa no rebanho paranaense.

Serathiuk respondeu que Moraes estava sendo simplista na avaliação. Ele afirmou que dos 280 mil empregos formais gerados no Paraná nestes três anos, 90 mil foram fruto da ação fiscal da DRT, a pedido dos sindicatos. "Entendo que era possível o governo ter desenvolvido outras políticas fiscais e de crédito complementares de geração de emprego e renda mobilizando o movimento sindical de trabalhadores, a exemplo da organização de redes de cooperativas de trabalhadores de produção na área de reciclagem do lixo, vestuário, agricultura orgânica e transformação de alimentos", disse Serathiuk.

Moraes disse acreditar na competência dos funcionários da DRT, mas duvida dos dados apresentados por Serathiuk. "Pelas funções da DRT, não creio que tenha gerado esse número de emprego." O presidente do Ipardes afirmou ainda que, mesmo com a queda do número de empregos no último ano, "o desempenho do Paraná foi excelente e é justo que parte desse sucesso seja atribuído às políticas do governo do estado. As obras promovidas, principalmente a recuperação de estradas, saneamento e a isenção e redução de ICMS a pequenas e micro empresas contribuíram para a criação desses 280 mil empregos", respondeu Moraes.

O presidente da Companhia de Habitação Popular do Paraná (Cohapar), Luiz Cláudio Romanelli, tentou apaziguar a briga e ligou para Serathiuk. O presidente da DRT respondeu que reagiu aos ataques do Ipardes e prometeu mostrar de quem é a paternidade caso eles continuem. "Com os dados dos empregos gerados por profissões e atividades dos últimos três anos na mão, posso reafirmar que, majoritariamente, os empregos gerados no estado são devido às políticas fiscais, de crédito e de inovação tecnológica do governo federal."

O deputado Valdir Rossoni (PSDB), líder da oposição na Assembléia Legislativa, resolveu esquentar a briga. Ele disse que Serathiuk confirma o que sempre se suspeitou. "O governo Requião mente descaradamente sobre os empregos que gera. Faz propagandas que custam rios de dinheiro público para anunciar realizações inexistentes, baseada em estatísticas grosseiramente falsificadas", disse Rossoni.

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