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Milhares de pessoas participam de uma passeata na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para pressionar o Congresso a legalizar os bingos no país. Os manifestantes tomaram três das seis faixas da avenida em direção à Praça dos Três Poderes e gritam palavras de ordem, cantam funks improvisados e exibem faixas com inscrições como "Queremos nossos empregos" e "Emprego sim, corrupção, não". A passeata é coordenada pela Força Sindical e a Nova Central Sindical de Trabalhadores, que prometeram levar para a Esplanada cerca de 10 mil trabalhadores em casas de bingos.

Uma comissão de sindicalistas e parlamentares entregou ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), uma carta da Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin) que pede a legalização das casas de jogo no país. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, participa da comissão. No documento, os empresários de bingo argumentam que o setor se distingue de outras atividades informais, como o jogo do bicho e a exploração de caça-níqueis, porque funcionam como empresas formais.

"Não existe qualquer semelhança entre o setor de casas de bingos e a exploração de jogo clandestino. As casas de bingo são estruturais, empresariais, formais e legais, registradas em junta comercial", diz a carta, lembrando que os bingos assinam a carteira dos empregados, investem no esporte, patrocinam modalidades olímpicas e pagam impostos.

As duas centrais argumentam que a falta de uma regulamentação da atividade traz incerteza jurídica que abre caminho para a corrupção. "Precisamos preservar os 300 mil empregos gerados pelo setor", afirma o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Os bingos e caça-níqueis foram alvos de duas grandes operações da Polícia Federal recentemente. Uma delas foi considerada a maior ação de combate à corrupção no Judiciário e foi deflagrada no dia 13 de abril. Juízes e desembargadores são acusados de corrupção na venda de decisões judiciais para grandes empresas, donos de bingos e caça-níqueis.

Durante a Operação Hurricane (Furacão, em inglês), os agentes prenderam o desembargador José Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-RJ); o desembargador Ricardo Regueira, também do TRF do Rio; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP); e o procurador Regional da República João Sérgio Leal Pereira. Também foram detidos advogados, três contraventores da cúpula do bicho do Rio de Janeiro e delegados federais.

Sete dias depois, a Operação Têmis (referência à deusa grega da Justiça) foi deflagrada em São Paulo. Cerca de 400 policiais federais realizaram 80 ações de busca e apreensão. O objetivo era desarticular uma quadrilha, da qual fazem parte desembargadores e juízes federais.

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