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Peluso diz que a súmula do STF é muito ampla | Marcello Casal Jr./ABr
Peluso diz que a súmula do STF é muito ampla| Foto: Marcello Casal Jr./ABr

Temor de prescrição

Ideal é julgar mensalão neste semestre, defendem Britto e Gilmar Mendes

Folhapress

Os ministros Carlos Ayres Britto e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defenderam ontem, em eventos distintos, que o julgamento do processo do mensalão seja feito ainda neste semestre.

Ayres Britto, que assume a presidência da Corte na próxima semana, disse ontem que devido à possibilidade de prescrição de penas "seria conveniente’’ acelerar o julgamento do processo do caso mensalão. Ele argumentou também que, em função da eleições municipais, é necessário que o julgamento ocorra o mais rápido possível.

No fim de 2011, o ministro Joaquim Barbosa encaminhou seu relatório do processo para o ministro revisor Ricardo Lewandowski. A partir daí, Lewandowski começou a analisar as 50 mil páginas que integram os autos para elaborar seu voto, enquanto Barbosa faz o mesmo. A liberação do caso para julgamento é responsabilidade do revisor.

Problemas internos

Para Gilmar Mendes, as aposentadorias de Cezar Pesluso e Carlos Ayres Britto, no semestre que vem, podem atrapalhar o julgamento do mensalão, e por isso o ideal é que ele fosse feito nos próximos meses.

Em sua última sessão à frente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o presidente Cezar Peluso afirmou que a regra que proíbe o nepotismo está sendo interpretada de forma muito ampla e propôs sua modificação para que só atinja casos em que exista a relação hierárquica entre os parentes que ocupam cargos de comissão em um mesmo órgão.

Na sessão de ontem, o CNJ analisava um caso do Rio Grande do Sul, relatado pelo conselheiro Jorge Hélio. Peluso, que também é presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que já fez uma proposta aos colegas de tribunal para mudar a súmula, cujo texto, segundo ele, é muito amplo e gera "situações insustentáveis".

A súmula proíbe a contratação de parentes, até o terceiro grau, em uma mesma pessoa jurídica. Ele afirmou que, se tomado ao pé da letra, alguém que ocupa um cargo comissionado no Incra do Rio Grande do Sul não poderia, por exemplo, ter um parente contratado no INSS de Rondônia.

O relator do caso discordou, afirmando que a regra do nepotismo deve ser, sim, uma interpretação ampla para evitar o que chamou de "sistema de compadrio federal". "Só pode haver uma pessoa da mesma família ocupando cargo de comissão, independentemente do nível hierárquico."

Hélio também falou que o CNJ não poderia modificar seu entendimento com base em uma discussão do STF que ainda não aconteceu.

Histórico

Quando assumiu a presidência do STF, Peluso nomeou um casal para ocupar cargos comissionados no Supremo. A situação foi revelada pelo jor­­nal Folha de S.Paulo e, na época, o ministro chegou a divulgar uma nota, dizendo que a súmula deveria ser modificada, por permitir excessos. Após o episódio, o presidente do STF enviou um ofício aos colegas propondo tal mudança, que até hoje não aconteceu.

O debate de ontem no CNJ não foi concluído. O conselheiro Carlos Alberto Reis de Paula pediu vista, ao argumentar que só devolverá o caso ao plenário quando o STF se pronunciar sobre a possível modificação.

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