A delegacia da Polícia Federal (PF) de Paranaguá começou nesta terça a tomar depoimentos de pessoas ligadas a operação Dallas, que pretende combater o desvio de grãos e fraudes em licitações no Porto de Paranaguá. Quatro pessoas foram ouvidas nesta terça-feira e a previsão é que ao todo mais de 30 envolvidos sejam convocados a depor nas próximas semanas. A Dallas foi deflagrada no dia 19 de janeiro e prendeu temporariamente 10 pessoas, entre elas o ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, e o chefe da 1.º Inspetoria de Controle Externo do Tribunal de Contas (TC) do Paraná, Agileu Bittencourt.

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Entre os envolvidos na suspeita de irregularidades que deverá ser convocado nos próximos dias pelos policiais federais para depor é também o ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião – irmão do senador e ex-governador Roberto Requião (PMDB). Eduardo é suspeito de ser um dos principais beneficiados de um suposto esquema de corrupção montado no porto para desviar US$ 5 milhões (cerca de R$ 9 milhões) na compra de uma draga.

Escutas telefônicas da operação Dallas - obtidas com exclusividade pela Gazeta do Povo - mostram trechos de conversas entre os acusados e citam como envolvidos na possível fraude outras duas pessoas ligadas aoex-governador: Luís Guilherme Gomes Mussi, empresário, ex-assessor especial do governo e segundo suplente do senador Roberto Requião; e Carlos Augusto Moreira Júnior, que foi chefe de gabinete de Requião no governo estadual, disputou a prefeitura de Curitiba em 2008 pelo PMDB e é ex-reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Cronograma

O delegado da PF responsável pela operação Dallas, Sérgio Stinglin de Oliveira, disse que não há previsão de quando Eduardo Requião e os demais envolvidos deverão ser convocado. Ele informou, porém, que além das quatro pessoas ouvidas hoje outras sete prestarão depoimento até sexta-feira e já há outras quatro agendadas para a semana que vem. "Os depoimentos estão servindo para esclarecer e confirmar alguns pontos que já haviam sido levantados [na investigação}", declarou.

Stinglin disse ainda que mesmo as pessoas que foram presas temporariamente durante a operação podem ser convocadas a prestar novo depoimento, mas que isso depende delas estarem dispostas a colaborar."Algumas delas podem ser reinquiridas, desde que elas tenham intenção em falar."

Em liberdade

Todos os dez presos durante a operação Dallas já estão em liberdade.Eles tiveram a prisão temporária decretada para não atrapalhar na obtenção de provas durante a operação. O único que teve prisão preventiva decretada foi o ex-superintendente Daniel Lúcio Oliveira de Souza, mas ele conseguiu um Habeas Corpus no Tribunal Regional Federal(TRF) da 4.ª Região, em Porto Alegre (RS), após ficar 16 dias detido.Ele é investigado pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção e fraude em licitação e foi posto em liberdade após pagar fiança de R$ 200 mil em dinheiro.

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