• Carregando...

O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz Azevedo, disse nesta quarta-feira (13) que a PF tem evidências de que os pilotos do Legacy foram parcialmente responsáveis pelo acidente com o avião da Gol que fazia o vôo 1907 buscar em 29 de setembro que matou 154 pessoas. "Há evidências e indícios de que os pilotos tiveram uma conduta que contribuiu para o acidente", disse. O relatório parcial da PF foi entregue à Justiça Federal em Sinop (MT) nesta quarta. Segundo o superintendente, os diálogos da caixa-preta do jato comprometem Joe Lepore e Jan Paladino. "Quando os diálogos são confrontados com os dados técnicos do centro de controle do tráfego aéreo você consegue ter a conclusão que induziu ao indiciamento dos pilotos", afirmou.

Os pilotos foram indiciados na última sexta-feira (8) pelo artigo 261 do Código Penal, que trata do risco ao tráfego aéreo. A pena é de dois a cinco anos de prisão, podendo ser aumentada em um terço por conta das mortes na tragédia. Para a PF, os pilotos foram negligentes ao não perceberam que o transponder (equipamento que envia dados do avião para a torre de controle e para outras aeronaves) do jato estava desligado.

Leia também:Exame não aponta falha em transponder do LegacyJustiça vai definir indiciamento de controladores militaresRelatório parcial da PF indicia pilotos do LegacySe condenados, pilotos do Legacy não devem ser presosEntenda como aconteceu o acidenteVeja quem foram as vítimas"Por que eu?", pergunta controlador que acompanhava o Legacy.Calados, pilotos do Legacy saem do Brasil indiciados Os indiciamentos dos pilotos estão no relatório parcial que o delegado Ramon Almeida, que comanda a investigação, entregou nesta quarta à Justiça. O relatório, além de indiciar os pilotos, resume os 17 depoimentos dados até agora, levanta suspeitas sobre os controladores de vôo, mas ainda não os responsabiliza pelo acidente. Para a PF, a negligência dos pilotos, as falhas de comunicação com as torres e, possivelmente, os erros dos controladores causaram a tragédia. Novos indiciamentosLorenz Azevedo confirmou, sem citar nomes, que novas pessoas podem ser indiciadas se a Justiça conceder a prorrogação de 30 dias pedida pela PF. "Há grandes possibilidades de novos indiciamentos de pessoas contra as quais recaem indícios veementes", disse. Segundo o G1 apurou, essas "pessoas" são controladores das torres de São José dos Campos e Brasília. São dois os fatores que impedem a polícia de indiciar os controladores até o momento. O primeiro é a competência da PF para tomar essa medida. A polícia teme ser contestada pela Justiça Militar, já que os controladores são militares. A dúvida deve ser tirada pelo delegado com a Justiça de Sinop nos próximos dias. Outro ponto é que a polícia quer ainda ouvir os controladores da torre de Manaus, também relacionada a esses vôos, e concluir as perícias dos diálogos das caixas pretas do jato e do Boeing e da representação gráfica dos vôos. Com esse confronto de informações, acredita a PF, será possível apontar a culpabilidade dos controladores. A PF não informa nomes no relatório, mas as maiores suspeitas recaem sobre um controlador de São José dos Campos e dois de Brasília. O primeiro teria informado ao Legacy para decolar a 37 mil de São José e permanecer na mesma altitude até Manaus, quando, na verdade, deveria reduzir a 36 mil a partir de Brasília e, num determinado ponto, subir a 38 mil. Já em Brasília, um dos controladores não teria percebido que o Legacy permanecera a 37 mil, mesma altitude em que viajava o Boeing da Gol na região do acidente. Esse controlador, diz a investigação da polícia, não teria passado essa informação a quem o substituiu na função. Esse último, por sua vez, poderia ter avisado o Legacy ao detectar o erro de altitude. É nesse ponto, aliás, que entra a perícia que a polícia espera finalizar nos próximos 30 dias para saber qual foi o erro de comunicação entre torres e Legacy. A PF considera os diálogos fundamentais para esclarecer o acidente. Embora o inquérito não transcorra sobre sigilo, a PF tentará impedir o vazamento diálogos porque um documento da Força Aérea Brasileira proíbe esse que esse tipo de informação seja divulgado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]