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Acenderam a fornalha da pizzaria.

Comentário que circula nos corredores da Justiça Federal de Curitiba após a decisão de “fatiar” parte da Operação Lava Jato.

Delegados da Polícia Federal (PF) lamentaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada na quarta-feira (22), de desmembrar parte da investigação da Operação Lava Jato que não tem relação direta com a Petrobras, tirá-la do Paraná e levá-la a São Paulo. A delegada Erika Marena disse que a decisão foi um “erro”. Ela destacou que a eficiência da operação decorre justamente da integração entre PF, Ministério Público Federal (MPF) e Justiça Federal – com a 13ª Vara de Curitiba tratando do caso com exclusividade.

“Trata-se do mesmo grupo criminoso, organizado para comprar apoio político-partidário, tendo usado não apenas contratos da Petrobras, mas de outros órgãos”, disse Erika. “A divisão [das ações] poderia impedir que provas colhidas num caso sejam analisadas à luz de todo o conjunto investigado.” Para a investigadora, o fatiamento pode levar a dispersão de provas importantes.

Outro delegado que lamentou a decisão do STF foi Marcio Adriano Anselmo, que iniciou as apurações da Lava Jato. “É triste porque quebrou uma estrutura que já existia. Aqui [em Curitiba], o caso está redondo. Quem assumir agora não vai ter a noção do todo como nós temos. Vai ser mais difícil”, declarou.

Na PF, porém, os investigadores da Lava Jato estão resignados. Eles pretendem avançar nas suspeitas sobre a Petrobras (que ficarão em Curitiba) e colaborar com quem assumir o caso em São Paulo.

Já entre os procuradores federais que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato, a intenção agora é trabalhar com “afinco” e demonstrar de maneira mais clara a conexão entre os crimes investigados pela Lava Jato, caso outros casos sejam questionados a partir da decisão do STF. A ideia é dar o suporte necessário aos procuradores de São Paulo que vão investigar o caso envolvendo o Planejamento.

O entendimento dos procuradores é de que não deve haver contestação sobre a decisão do STF. Para eles, a mudança atinge um caso específico, envolvendo o Ministério do Planejamento, e não influencia diretamente outras ações e investigações.

Apesar desse posicionamento, o ministro do STF Marco Aurélio Mello disse na quinta-feira (24) que outras investigações sem relação com o esquema de corrupção na Petrobras devem ter o mesmo destino: o “fatiamento”.

Indignação

Nos corredores da sede da Justiça Federal em Curitiba, onde atua Sergio Moro, o clima na quinta-feira (24) era de indignação sobre a decisão do Supremo, mas também de esperança de que a decisão não repercuta sobre outros processos da Lava Jato. Mesmo assim, há receio de que o caso “acabe em pizza”.

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