
A pedido da presidente Dilma Rousseff, a Polícia Federal vai investigar o hacker que invadiu seu correio eletrônico pessoal durante a campanha eleitoral do ano passado. O hacker tentou ainda vender um pacote de mensagens recebidas pela então candidata. Na manhã de ontem, Dilma reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, responsável pela PF, para discutir a investigação.
À tarde, o ministro divulgou nota anunciando que a PF irá abrir inquérito para apurar a "suposta invasão do correio eletrônico pessoal da presidenta Dilma Rousseff''.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou ontem que as mensagens de Dilma foram violadas. O hacker, que disse se chamar "Douglas'' e mora em Taguatinga (DF), afirmou ter atacado o computador de Dilma e copiado cerca de 600 mensagens recebidas por ela. Um dos e-mails que Dilma usava na época era do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha de S.Paulo. "Douglas'' contou que, além do endereço eletrônico de Dilma em 2010, ele invadiu neste ano o correio do ex-ministro José Dirceu.
O petista afirmou que detectou a invasão de sua caixa postal no UOL na madrugada da última segunda e mandou registrar uma ocorrência na polícia. O UOL afirmou que está em contato com os advogados de Dirceu para colaborar nas investigações.
Em conversa com assessores, a presidente Dilma disse não temer a divulgação do conteúdo dos e-mails. O que preocupa o governo é a possibilidade de uso político do material obtido pelo hacker.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o Palácio do Planalto teme que alguém acabe comprando os e-mails e possa incluir uma mensagem falsa no material, por exemplo.
Enquanto a PF investiga o caso, o governo não pretende confirmar a autenticidade do que classifica como "supostas mensagens'' obtidas "de forma criminosa''.
Ontem, o diretório nacional do PT confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que havia identificado dois tipos de ataques em seu site em abril do ano passado, pouco antes do início da campanha eleitoral.
Na madrugada de 12 de abril, o PT informou que invadiram o site e instalaram um programa que prejudicou o acesso ao portal e é capaz de permitir acesso de dados de quem navegou na página do partido naquele período.
Dois dias depois, um hacker modificou o layout da página do partido colocando uma foto de José Serra (PSDB), principal adversário dos petistas na eleição.
Na época, ao perceber a invasão, o partido informou à PF e pediu providências. Ao mesmo tempo, os petistas contrataram técnicos para fazer uma limpeza nos seus computadores e orientaram os usuários do portal a fazer uma varredura em suas máquinas pessoais.
Até hoje não se sabe o que a polícia descobriu ou se o caso chegou a ser investigado. Procurada pela Folha de S.Paulo para falar sobre os ataques ao site do PT, a polícia informou que não se manifestaria.
Punição
Políticos reagiram ontem à violação das mensagens de Dilma cobrando medidas para regulamentar a internet e coibir a ação de hackers como o que invadiu o computador da então candidata.
O vice-presidente Michel Temer cobrou uma ação do Congresso para definir punições mais severas contra hackers. "Eles invadem todo e qualquer site'', disse. "O Congresso tem que se debruçar sobre esse tema e verificar de que maneira apenar aqueles que invadem os sites.''
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), classificou o ataque como "absurdo'' e defendeu uma regulamentação mais rigorosa para a internet. "É preciso uma punição maior para empresas [que não protegem o sigilo do cliente]".
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