Pelo segundo dia consecutivo, o Palácio do Planalto conseguiu barrar a criação de mais uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) no Senado que desagradava ao governo federal.

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Numa ação orquestrada por aliados da presidente Dilma Rousseff, seis senadores retiraram suas assinaturas do pedido de criação de CPI para investigar irregularidades nos fundos de pensão, o que inviabiliza a sua instalação.

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As regras do Senado determinam que, para uma CPI ser criada, pelo menos 27 senadores devem apoiar o pedido. A oposição havia reunido assinaturas de 30 senadores, mas seis voltaram atrás e retiraram seu apoio --o que arquivou o pedido de criação da comissão de inquérito pela falta de uma assinatura.

O requerimento dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Ana Amélia Lemos (PP-RS), que pedia a instalação da CPI, chegou a ser lido no plenário do Senado nesta quarta-feira (8). Mas os senadores pediram para retirar as assinaturas antes do prazo da meia-noite de quarta, fixado pelo regimento do Senado como limite para o recuo do apoio à comissão.

Sem o número suficiente de assinaturas, a CPI não poderá ser instalada. Dos seis senadores que retiraram as assinaturas, cinco são do PSB, que havia rompido sua aliança com o governo federal desde as eleições de 2014, mas vem sinalizando uma proximidade com o Planalto.

São eles: Romário (PSB-RJ), Lídice da Mata (PSB-BA), Roberto Rocha (PSB-MA), João Capiberipe (PSB-AP) e Fernando Bezerra (PSB-PE), além do senador Ivo Cassol (PP-RO).

Neta terça, o Planalto também convenceu seis senadores a retirarem assinaturas de outra CPI que investigaria empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), todos de partidos aliados de Dilma. Sem o número mínimo de apoio, a comissão também não foi criada.

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Fundos

O PSDB e senadores “independentes” de partidos aliados do governo Dilma Rousseff queriam investigar denúncias de desvios milionários nos fundos de pensão Postalis (Correios), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Previ (Banco do Brasil). As investigações começariam em 2003 por ser o ano em que o PT assumiu a Presidência da República, com a posse do ex-presidente Lula.

O pedido de criação da CPI tinha o apoio de 30 congressistas, entre eles Aécio Neves (PSDB-MG) e os peemedebistas Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC).

Em discurso no plenário do Senado, Aloysio Nunes citou denúncias envolvendo as entidades fechadas de previdência complementar. O tucano disse que a Previ, o maior fundo de pensão do país, contabilizou no ano passado deficit de R$ 7,8 milhões. E que o Postalis, dos Correios, corre o risco de ser socorrido por funcionários dos Correios com reduções salariais para cobrir um rombo de R$ 5,6 bilhões.

Em nota, a Previ afirmou que desconhece “denúncias de desvios milionários” na entidade e que, ao contrário do que afirma o senador, a entidade fechou o ano de 2014 com superávit acumulado de R$ 12,5 bilhões, sem registro de déficit.

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Já a CPI do BNDES tinha como objetivo apurar empréstimos concedidos pelo BNDES a entidades privadas ou governos estrangeiros. Autor do pedido, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que a CPI era necessária para que o Congresso tenha acesso às operações de empréstimos firmadas pelo BNDES.

Como muitas ocorrem em sigilo, o senador argumenta que não há meios para fiscalizar os recursos repassados pelo banco público a outras entidades e países.