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O Conselho Nacional do PMDB aprovou nesta quinta-feira (30) a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o partido integre o governo de coalizão no segundo mandato petista. Com a decisão do Conselho, o partido adere em bloco ao governo e não apenas em parte, como no primeiro mandato de Lula.

Participam do conselho integrantes do PMDB que já assumiram alguma função política em nome do partido: ex-presidentes da República, do Senado, da Câmara, governadores e ex-governadores, líderes e ex-líderes no Congresso, e o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Ao todo, são 65 membros.

A aprovação ocorreu por aclamação do conselho. A exceção foi o senador recém-eleito Jarbas Vasconcelos (PE), que registrou voto contrário.

O presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer, telefonou na tarde desta quinta para o ministro Tarso Genro, a fim de informá-lo sobre a decisão do partido. Tarso respondeu que ligaria para o presidente Lula, que está na África.

O clima era de unidade na reunião, realizada no auditório Petrônio Portella, no Senado. Sentaram-se à mesma mesa, no comando do encontro, Temer, Renan Calheiros, o senador José Sarney (AP), o ex-governador paulista Orestes Quércia, os governadores do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e de Santa Catarina, Luiz Henrique, o senador recém-eleito Jarbas Vasconcelos (PE), entre outros. "O que nos leva a apoiar essa proposta de coalizão é a disposição do presidente de Lula de fazer empenhos fundamentais para o crescimento do país", afirmou Quércia, em discurso.

A cena seria considerada impossível há alguns meses, quando o próprio Quércia, além de Temer, Rigotto e Luiz Henrique eram contra a participação do PMDB no governo Lula e defendiam uma candidatura própria à presidência da República, contra a aliança de Renan e Sarney com Lula.

Temer chegou a apoiar Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à presidência, no segundo turno. Convidado para uma reunião com Lula após as eleições, o presidente do partido recuou e deu sinais de que aceitaria defender o apoio do PMDB ao governo.

Aliado fiel de Lula, Sarney comemorou em seu discurso o resultado do encontro. "Nunca vi nesses anos todos do PMDB uma reunião como esta, em um partido de divisões e tensões, um ambiente que confluísse para o mesmo objetivo", disse. "Desejava sempre que estivesse comigo todo o partido em conjunto. O presidente Lula quer que participemos do governo, sem que isso signifique submissão. Estamos fazendo coalizão com o presidente da República e não com o PT. Eu acredito no presidente Lula", ressaltou Sarney.

Propostas e cargos

O PMDB votou e aprovou as setes propostas apresentadas por Lula ao partido dentro da filosofia do chamado "governo de coalizão".

O documento pede aos aliados compromisso com reforma política, reforma tributária (com redução gradual de impostos), política econômica que leve o país ao crescimento de 5% ao ano, diminuição das despesas correntes, fortalecimento dos estados - incluindo a segurança pública - e criação de um conselho político de partidos aliados para acompanhar as ações do governo.

Para Germano Rigotto, Lula e PMDB terão um relacionamento diferente no segundo mandato. "Não tenho a menor dúvida que o presidente se deu conta que a relação no primeiro mandato não foi boa. O presidente Lula está bem intencionado em ter um relacionamento diferente com o partido. Não vejo como o PMDB não dar sustentação à governabilidade", disse o governador gaúcho.

Temer ressaltou que o partido aprovou a coalizão, mas fiscalizará o cumprimento dos compromissos assumidos por Lula. "Se, mais adiante, o governo desviar-se desse programa pré-estabelecido, o PMDB, penso eu, não terá nenhum compromisso com o governo", disse.

O presidente do partido ressaltou ainda que o PMDB não discutirá agora cargos no próximo governo. Temer evita entrar no assunto neste momento porque sabe que a briga por ministérios será o próximo embate interno do partido. Atualmente, o PMDB tem dois ministérios no governo Lula: Minas e Energia, com Silas Rondeau, e Comunicações, com Hélio Costa.

A expectativa é que o partido ganhe pelo menos mais duas pastas a partir de 2007. Os nomes mais cotados são os do deputado Geddel Vieira Lima (BA) e da senadora Roseana Sarney (MA), que deixou o PFL e já assumiu o compromisso com o comando do PMDB de se filiar em breve ao partido.

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