Eduardo Cunha foi autorizado por seus correligionários a negociar a formação de um bloco parlamentar que amplie a força do PMDB na Câmara| Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

A bancada do PMDB na Câmara se reuniu nesta quarta-feira (29) e deu aval à pré-candidatura do líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), para a disputa pela Presidência da Casa em 2015.A reunião ocorreu um dia depois dos deputados aplicarem a primeira derrota à presidente reeleita Dilma Rousseff. Deputados aprovaram projeto que susta efeito de decreto presidencial sobre conselhos populares.

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Para evitar uma espécie de antecipação da briga, os peemedebistas aprovaram oficialmente, por unanimidade, apenas a recondução de Cunha para a liderança do PMDB. A bancada também lançou uma autorização para que ele articule a formação de um bloco para atuar na Câmara no próximo ano.

Os gestos foram interpretados pelos peemedebistas como o fortalecimento da candidatura de Cunha. Com isso, ele vai começar a costurar uma aliança com outros partidos em torno do seu nome e, também, para a composição de um "blocão", capaz de se impor numericamente em votações na Casa, além de ter peso para conquistar espaços na cúpula e nas comissões importantes.

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As conversas devem envolver principalmente PR, PP, PSC, PTB e Solidariedade. A ideia do PMDB é de isolar o PT, maior bancada da Casa com 70 parlamentares na próxima formação - quatro a mais que os peemedebistas. Peemedebistas dizem que há incômodo com o PT não só pela relação com o Planalto, mas também pela atuação da bancada petista na Casa.

"Na votação desta terça [28], a Casa deu demonstração de que determinadas posições do PT têm sido rechaçadas pela Casa. Então, não há uma boa harmonia para que o PT consiga impor uma candidatura. Eu tenho dito que acho muito difícil uma candidatura do PT lograr êxito na Casa", afirmou Cunha.

A bancada rechaça a proposta defendida pelo vice-presidente, Michel Temer (PMDB), de reeditar o acordo de rodízio entre PT e PMDB no comando da Câmara. O deputado Leonardo Picciani (RJ) disse que a formação de bloco é para garantir que o partido fique pelo menos como a segunda maior bancada da Casa.

Na reunião que durou quase três horas, os deputados ainda reclamaram da atuação do PT nas disputas estaduais em prejuízo do PMDB e cobraram mais interlocução do Planalto com a Casa.

Os peemedebistas disseram que a derrota de Dilma, com a derrubada de seu decreto que trata dos conselhos populares, foi um recado para a petista sobre a autonomia do Congresso. "Não pode mais ter salto alto do Planalto", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

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Comemoração

Antes de se reunirem nesta quarta (29) por quase três horas, os peemedebistas realizaram um jantar com os atuais e novos parlamentares. No encontro, Cunha fez um discurso de boas-vindas aos novos congressistas e evitou polemizar sobre a relação com o governo.

A comemoração pela derrota a Dilma ficou para as rodas de conversas após a intervenção do líder. Segundo relatos, os deputados não continham a satisfação em terem mostrado ao governo que é preciso cultivar a relação com o Parlamento.

Os peemedebistas ainda decidiram sair em defesa do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), que foi responsabilizado por petistas pela derrota de Dilma, uma vez que estava magoado depois de perder a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte e culpar o PT e o ex-presidente Lula por ter inferido no processo eleitoral.

A bancada assumiu a votação, que contou com aval de vários partidos aliados, isolando PT, PC do B e PSOL na defesa do conselho. Para Cunha, colocar a votação na cota pessoal de Alves é "injustiça".

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