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A faixa, pendurada bem ao lado do quartel-general das forças que atuam na ocupação na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, no Rio, denuncia. "R$ 30 por dia: valor da vida de um policial e de um bombeiro no Rio de Janeiro". Bem ao lado, a inscrição "PEC 300/2008" mostra que, após o sucesso das operações nas favelas cariocas, os policiais prometem aumentar a pressão para a aprovação da emenda constitucional que cria o piso nacional para a categoria.

Embalados pela repercussão positiva das ocupações, policiais que trabalhavam no Complexo do Alemão reclamavam das condições de trabalho e do salário. "É mentira isso que estão falando, que policiais se apresentaram voluntariamente para ajudar. Foi ordem direta. Agora, estamos trabalhando extra, sem ganhar nada a mais por isso, e com um salário mal pago", disse um policial que não quis se identificar.

Outro policial dizia que o atual momento é positivo para a reivindicação da emenda. "Agora temos o apoio de toda a população. Ir contra a PEC é ir contra todo mundo que apoia a polícia do Rio", disse. Moradores da Penha que assistiam à movimentação das tropas concordaram. "Os policiais estão mostrando o valor deles, que não corresponde com o que eles ganham", afirmou o diretor administrativo Elias Matias, de 44 anos.

Segundo o presidente da Associação dos Ativos e Inativos da Polícia e Bombeiros Militares (Assinap), Miguel Cordeiro, o salário é "ridículo", mas mesmo assim a polícia conseguiu fazer as ocupações. "Agora, imagine se nossos policiais ganhassem bem? Toda a população sairia ganhando."

Ajuda federal

Atualmente, um policial militar em começo de carreira no Rio ganha cerca de R$ 900,00 por mês. Caso a PEC seja aprovada, o piso poderia passar para R$ 3,5 mil. Grande parte do financiamento viria dos cofres federais – segundo cálculo do Ministério do Planejamento, o impacto no orçamento seria por volta de R$ 46 bilhões.

Por isso, a PEC está emperrada desde 2008, quando foi proposta. Houve pressão para que ela fosse votada antes das eleições – a Câmara chegou a aprovar o projeto em primeiro turno, mas ele ainda não voltou à pauta por falta de acordo. O atual e futuro ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou na semana passada ser contra a aprovação da proposta porque, 2011, para ele, é ano de contenção fiscal.

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