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Paulinho da Força foi chamado de “fascista” e “golpista” durante um voo. | Ivaldo Cavalcante/Câmara dos Deputados
Paulinho da Força foi chamado de “fascista” e “golpista” durante um voo.| Foto: Ivaldo Cavalcante/Câmara dos Deputados

Desde 2015, são cada vez mais comuns notícias de políticos sendo hostilizados em público pela população. Integrantes de vários partidos políticos – da situação à oposição – têm passado por constrangimentos desde o início do ano passado – veja lista. O caso mais recente foi o do deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), que foi hostilizado por passageiros de um voo entre São Paulo e Brasília no último final de semana. O parlamentar ouviu insultos como “fascista”, “golpista” e “Paulinho da Farsa Sindical” durante o voo.

No Paraná, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi alvo de protestos ao desembarcar no aeroporto Afonso Pena em abril deste ano. Ao chegar ao setor de desembarque, a senadora foi cercada pelo grupo, que gritava palavras de ordem como “corrupta” e “sem vergonha”.

Em maio, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi hostilizado enquanto passava um feriado com a família na praia, no Leblon (RJ). Ele foi chamado de golpista por uma mulher, que filmou a ação e divulgou nas redes sociais.

“A sociedade brasileira do ponto de vista político está fortemente polarizada e dividida”, analisa o cientista político do Ibmec Adriano Gianturco. “Isso é péssimo porque uma sociedade que funciona é uma sociedade harmônica”, alerta Gianturco. Para ele, dois fatores contribuem para o aumento do número de casos de agressões verbais – e às vezes físicas – a políticos. “A situação econômica piorou tudo isso, assim como os escândalos de corrupção”, explica.

Cuidado

Gianturco alerta para um dos efeitos da polarização política pela qual o Brasil passa. “Se você ver o que esta acontecendo hoje nos Estados Unidos com o [Donald] Trump é basicamente isso”, diz. Trump é um candidato à presidência que vem causando polêmicas por suas ideias extremamente conservadoras. “Trump é também o efeito de uma polarização, de um extremismo. Ele gera isso, mas ele também é o efeito”, analisa.

No Brasil, o cientista político cita um exemplo dentro da Câmara dos Deputados. “É a dinâmica Jean Wyllys (PSol-RJ) e [Jair] Bolsonaro (PSC-RJ)”, diz. Gianturco lembra que, quando eleito, Wyllys não tinha os votos suficientes para assumir o cargo, mas acabou sendo “puxado” pelo voto proporcional. As polêmicas com Bolsonaro, porém, fazem com Wyllys ganhe a simpatia de um grupo de pessoas contrárias à ideologia conservadora. Enquanto isso, Bolsonaro ganha a simpatia da fatia da população contrária aos ideais defendidos por Wyllys. “As pessoas se polarizam, enquanto os dois continuam se beneficiando disso”, diz.

Veja alguns casos de políticos hostilizados desde 2015

Aécio Neves (PSDB): em maio deste ano o senador tucano foi hostilizado enquanto passava um feriado com a família na praia, no Leblon (RJ). Ele foi chamado de golpista por uma mulher, que filmou a ação e divulgou nas redes sociais.

Cássio Cunha Lima (PSDB): o senador foi hostilizado em um voo entre Brasília e João Pessoa (PB) em abril deste ano. “Golpista, ficha suja, cassado e traidor da democracia”, diziam pessoas que estavam no mesmo voo.

Eduardo Suplicy (PT): em outubro do ano passado, Suplicy foi hostilizado por manifestantes anti-PT em um shopping em São Paulo, ao sair de uma livraria. O ex-senador ouviu gritos de “Suplicy, vergonha nacional” de um grupo que tinha nas mãos bonecos infláveis que satirizam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.

Fernando Mineiro (PT): o deputado foi hostilizado ao ser reconhecido em um shopping em Brasília, em novembro do ano passado. Frequentadores do shopping cantaram e bateram palmas, com palavras de ordem contra o partido.

Geraldo Alckmin (PSDB): o governador de São Paulo foi hostilizado ao aparecer em uma manifestação a favor do impeachment de Dilma na capital paulista. O caso ocorreu em março deste ano.

Gleisi Hoffmann (PT): em abril a senadora Gleisi Hoffmann (PT) foi recebida por manifestantes no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Ao chegar no setor de desembarque, a senadora foi cercada pelo grupo, que gritava palavras de ordem como “corrupta” e “sem vergonha”.

Guido Mantega (PT): o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras passou por pelo menos dois constrangimentos. O primeiro foi em fevereiro do ano passado, quando foi reconhecido ao chegar ao Hospital Albert Einstein, acompanhando a mulher. Num vídeo gravado por manifestantes é possível ouvir alguém gritar “vai para o SUS”, e outros insultos. Em junho, o ex-ministro voltou a ser hostilizado em público, desta vez em um restaurante.

Jaques Wagner (PT): em março, o ex-ministro de Dilma foi hostilizado ao deixar um restaurante japonês em Brasília. Quando Wagner se dirigia para a saída do restaurante, uma cliente gritou: “Fora PT”. O protesto acabou sendo acompanhado por outros clientes que, em coro, começaram a gritar “Fora!”, “Ladrões!”. O ex-ministro reagiu. “Vocês não estudaram? Vagabundos, mal-educado, fascista”.

José Eduardo Cardozo (PT): em agosto do ano passado, o ex-ministro da Justiça foi reconhecido na Avenida Paulista, em São Paulo, e hostilizado por manifestantes, que faziam um protesto na região utilizando um boneco inflável do ex-presidente Lula, batizado de Pixuleco.

José Guimarães (PT): o deputado federal foi cercado e hostilizado com empurrões em março deste ano por um grupo no desembarque do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Um grupo de cerca de dez pessoas cercou o deputado e jogou notas falsas de dinheiro nele, enquanto uma mulher tentava segurá-lo.

Marta Suplicy (PMDB): em março, a senadora, que se elegeu pelo PT e trocou de partido, foi vaiada hostilizada por manifestantes em São Paulo. Vira-casaca”, gritaram algumas pessoas.

Patrus Ananias (PT): o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias e Carlão Pereira (PT), foram hostilizados por alguns clientes quando deixavam um restaurante em Belo Horizonte. Um homem com camisa azul mostrou ao ministro um guardanapo com os dizeres: “Fora PT”. O caso ocorreu em novembro do ano passado.

Pauderney Avelino (DEM): o líder do DEM na Câmara foi agredido no mês passado ao desembarcar no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na Zona Oeste de Manaus. Os manifestantes estavam no saguão do aeroporto e usaram faixas com a palavra “golpista”. Um homem esfregou um cartaz no rosto do deputado.

Paulinho da Força (SD): o deputado federal foi hostilizado na noite de domingo (19) por passageiros de um voo entre São Paulo e Brasília. “Fascista”, “golpista” e “Paulinho da Farsa Sindical” foram insultos ouvidos pelo parlamentar.

Rogério Correia (PT): o deputado estadual de Minas Gerais foi hostilizado em um jogo de futebol em março deste ano. O deputado aparece sentado nas cadeiras, checando um celular, enquanto torcedores ao redor gritam “vai embora, vai embora”.

Vitor Valim (PMDB): o deputado federal foi hostilizado no Aeroporto de Brasília depois da votação do impeachment na Câmara, em abril deste ano. Ele foi chamado de “engomadinho” e “golpista” por uma mulher, que gravou a ação.

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