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O deputado estadual do Rio Grande do Sul Raul Pont (PT), ex-prefeito de Porto Alegre, disse ontem em Curitiba que a centralização das decisões do partido pelo Campo Majoritário, corrente que tem maioria dos cargos na direção nacional, causou a crise pela qual o PT vem passando. Pont esteve no Paraná lançando sua candidatura a presidente do PT, no processo de eleições diretas que o partido realiza dia 18 de setembro. Ligado à corrente Democracia Socialista (DS), no Paraná está próximo do deputado federal Dr. Rosinha, que é candidato a presidência do diretório estadual.

A DS é considerada da ala esquerda do PT e questiona o posicionamento da corrente que detém os principais cargos da direção nacional. Membro do Diretório Nacional do PT desde a fundação, Raul Pont diz que nunca houve em nenhuma reunião do partido, na atual direção, um debate sobre orientação de relações com outros partidos. "As correntes minoritárias estão combatendo desde 2002 a política de alianças que gerou relações promíscuas", disse. Segundo Pont, o Campo Majoritário não compartilhou informações com as outras correntes internas sobre as costuras dos apoios políticos. Outra crítica feita pelo deputado gaúcho a atual direção é a centralização das finanças do partido.

Na opinião de Pont, essa falta de democracia interna é um dos principais fatores da crise instalada hoje no PT. As denúncias envolvendo repasse de dinheiro por membros do partido para deputados da base aliada teria sido um "golpe extremamente duro para o partido, perda de referência, identidade política e que vai ser difícil recuperar", diz.

Mas Pont acredita que os militantes estão reagindo bem. "O massacre na mídia está sendo exagerado. A postura dos petistas têm sido de querer investigação, mas com a compreensão de que o objetivo dessas denúncias é liquidar com o PT", diz Pont. Ele defende que, se algum filiado tomou alguma atitude antiética, deve ser expulso, mas que até agora, a não ser o caso do empréstimo que teve como avalista um empresário que trabalha com setores públicos, não houve nada de errado feito pelo PT. "Não há como dar credibilidade para o Roberto Jefferson. O testemunho dele vale em um processo, mas ele não tem moral, ética que o legitime para fazer as denúncias", diz.

Tanto Pont como Dr. Rosinha dizem que não há como o partido retornar para as origens, já que é muito diferente do pequeno partido dos anos 80. "Precisamos sim é retomar as questões éticas, morais, extinguir essa prática de construir base de apoio no Congresso de forma clientelista", diz Rosinha.

De acordo com o deputado paranaense, a superação da atual crise do partido depende renovação de todas as instâncias de direção do PT, já que a grande maioria do PT não tem nada a ver com as irregularidades denunciadas.

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