• Carregando...

O presidente da Câmara de Vereadores de Guarapuava, Ademir Strechar (PMDB), seguia preso nesta quinta-feira (27). Os advogados de Strechar ainda não entraram com pedido de liberdade. Ele foi preso terça-feira (25) por suspeita de se apropriar de parte dos salários de um funcionário da Casa. A prisão foi feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Guarapuava localiza-se na região Centro-Sul do Paraná.

O Gaeco investiga outros cinco vereadores da cidade, na Operação Fantasma, pelo mesmo motivo. Dezessete funcionários da Câmara de Guarapuava também são investigados. Há a suspeita de que alguns sejam fantasmas. Os desvios de dinheiro público podem chegar a R$ 1,2 milhão, de acordo com o Gaeco.

Trinta mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelo Gaeco nesta quarta-feira na Câmara, casas e locais de trabalhos dos suspeitos de participar do esquema e também na 6ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran). Não houve apreensão de documentos nesta quinta-feira (27).

Mandados de busca e apreensão na Câmara também foram cumpridos na terça-feira. Policiais estiveram no local até as 16h de quarta-feira onde foram realizadas buscas em todas as salas e gabinetes. Computadores e documentos foram apreendidos. Todo o material deve ser analisado e as investigações terão continuidade.

As sessões plenárias ocorrerem às segundas e terças-feiras. Nos outros dias alguns vereadores comparecem aos gabinetes para expediente interno e para atender aos seus eleitores. Apenas um vereador – que não é investigado na Operação Fantasma - havia comparecido na Casa de Leis, até as 10 horas de quinta-feira.

Prisão de vereador e órgão público fechado

O vereador licenciado Fernando Alberto dos Santos foi preso na manhã de quarta-feira por porte ilegal de arma. Ele ocupa o cargo de diretor-presidente da Companhia de Serviços de Urbanização de Guarapuava. O Gaeco foi à casa do vereador para cumprir um mandado de busca e apreensão e encontrou a arma. Santos pagou fiança e já havia sido liberado.

Outro vereador investigado é Thiago Córdova. Ele é chefe da Ciretran. O órgão foi fechado durante a manhã de quarta para que documentos fossem apreendidos e foi reaberto em seguida.

Prisão do presidente da Câmara

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a prisão ocorreu no momento em que Strechar recebia parte dos vencimentos de um servidor. Há indícios de que outros funcionários também fossem obrigados a repassar parte dos salários ao vereador. A prisão ocorreu no gabinete da presidência. Strechar estava com R$ 12 mil em dinheiro - R$ 1 mil que ele havia acabado de receber do servidor, segundo o MP. O presidente da Casa também portava uma série de holerites de outros funcionários, o que reforça a hipótese de que o esquema abranja outros servidores.

O Gaeco descobriu o esquema após denúncia do próprio servidor. Antes de repassar a metade do salário deste mês a Strechar, ele anotou os números de série das cédulas para comprovar o crime. "Inicialmente, ele [Strechar] quis justificar, dizendo que o dinheiro era fruto de outra atividade, mas acabou reconhecendo o crime", segundo o MP-PR.

O esquema

De acordo com o Gaeco, o esquema foi articulado pelo próprio Stracher e funcionava pelo menos desde 2009. O presidente da Câmara fazia pessoalmente o pagamento dos salários aos servidores em cheque. Em seguida, os funcionários descontavam o cheque em banco e repassavam o equivalente a metade dos vencimentos ao vereador.

A informação repassada pelo MP-PR na terça-feira foi de que o único alvo da operação era o presidente da Câmara e que outros vereadores não seriam investigados. Strechar vai responder por peculato. Como tem foro privilegiado, ele deve permanecer detido em uma prisão especial.

A Gazeta do Povo tentou contato, por telefone, com a Câmara de Guarapuava, mas não conseguiu.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]